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PREZAD@S, ESTOU PUBLICANDO O TEXTO DA COLUNA DO JORNALISTA RUBENS NÓBREGA, DATADO DE 13.09.2014, NESTE DIA DAS CRIANÇAS PARA LEMBRARMOS QUE NA PARAÍBA AINDA MUITAS CRIANÇAS COMO PITOBA ENCONTRAM-SE DESAMPARADAS E SEM POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS QUE AS ALCANCEM, INDEPENDENTEMENTE DE GOLPES QUE POSSAM HAVER NO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL, A VERDADE É QUE A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DAS POLÍTICAS SOCIAIS NA PARAÍBA É QUE SEMPRE ESTIVERAM ATRELADAS À PROGRAMAS NACIONAIS, SEM PROGRAMAS 100% PARAIBANOS. TEMOS VÁRIOS PITOBAS E AÍ QUESTIONO À SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA COMO ENCERROU O INQUÉRITO QUE INVESTIGOU O ASSASSINATO DO MENINO CONHECIDO COMO PITOBA, QUE AOS 10 ANOS JÁ ESTAVA PERDIDO PARA O MUNDO DAS DROGAS, SEGUNDO A POLÍCIA, COMO DANDO POR RESOLVIDA A QUESTÃO. POR QUE AINDA ACEITAMOS QUE CRIANÇAS SE TRANSFORMEM EM PITOBAS E QUE A MORTE DELAS SEJA VISTA COM NATURALIDADE? AINDA NA MESMA COLUNA, RUBÃO REPLICA A CARTA ABERTA QUE FIZ NA ÉPOCA AO SENHOR GOVERNADOR SOBRE O CASO DE REBECA (SINCERAMENTE, O INDICIAMENTO DO PADRASTO, TENHO CERTEZA, SÓ BENEFICIA OS VERDADEIROS ESTUPRADORES E ASSASSINOS DA JOVEM) E O CASO SEBASTIAN.
CORDIALMENTE,
LAURA BERQUÓ
COLUNA DE RUBENS NÓBREGA DE 13.09.2014
Pitoba
Enquanto na afiliada local da Rede Bandeirante de Televisão,
anteontem à noite, o debate entre os principais candidatos ao Governo do
Estado descambava para questões pessoais, deixando de lado problemas
extremos da Paraíba de agora, a exemplo da violência crescente e impune
que apavora todos os paraibanos de bem...
Num terreno baldio localizado oito quilômetros ao sul da emissora, no
Conjunto Funcionários IV um garoto de apenas dez anos de idade era
executado a tiros. Detalhe que torna esse crime ainda mais hediondo,
repulsivo, estarrecedor: depois de imobilizada, e muito provavelmente
após ser torturada, a criança teve mãos e pés amarrados antes de três ou
quatro balaços lhe acertarem a cabeça.
Juan era o nome do menino. Pitoba, o apelido. Os portais de notícia da
Internet disseram que ele carregava feira da clientela de mercadinhos do
bairro para ganhar alguns trocados. Ainda sobre a vítima, policiais
teriam acrescido a informação com que carimbam a provável causa da morte
de pessoas pobres subtraídas à força do mundo dos vivos e muito vivos
que grassam na Paraíba. “Envolvimento com drogas”, proclamam os ‘homens
da lei’ em situações assemelhadas. Proclamam antes de qualquer pista,
indício, evidência ou confissão que ajude a desvendar o mistério da
barbárie. Dizendo assim é como se dissessem: “Pronto, resolvido,
precisa nem investigar”.
Na lógica do poder vigente, faz todo sentido. Afinal, se vivemos num
Estado onde o governo é capaz de fechar escolas, entre elas alguma onde
Pitoba pudesse ser acolhido e nela permanecer afastado do submundo... Se
vivemos num Estado onde o governo é capaz de fechar delegacias, entre
elas alguma que pudesse estar investigando com afinco e profundidade
casos do gênero...
O que esperar, então, de um Estado onde o mesmo governo é capaz também
de precificar a investigação policial e dela excluir na prática o que
uma portaria da própria Secretaria de Segurança Pública chama de “crimes
de pequena monta”? Não admira, portanto, se a morte de Pitoba inspirar
ordem semelhante para desobrigar a Polícia de investigar os “homicídios
de pequena monta”. No caso, além da condição social, outro critério para
justificar e instituir a não apuração seria a estatura ou a idade da
vítima.
Por essa e outras, de tudo que vem acontecendo na Paraíba nada mais
parece surpreender ou chocar. Nem mesmo o extermínio de um
pré-adolescente, muito menos o suposto envolvimento do menor com
vendedores ou traficantes de drogas. Pitoba seria viciado em maconha,
conforme o noticiário. Algo que para uns justificaria não apenas a
eliminação brutal como a indisposição do Estado em não deixar que mortes
do gênero engrossem as estatísticas de resolubilidade zero dos
inquéritos policiais sobre crimes que não têm réu confesso ou criminoso
preso em flagrante.
Balas perdidas?
Ocorrência anotada nos registros da Polícia Militar: às 13h30 de
anteontem uma tentativa de homicídio no Bairro das Indústrias, Capital,
resultou ferimentos a bala em um menino da mesma idade de Pitoba. O
garoto foi baleado duas vezes. Um tiro pegou o tórax; o outro, o
antebraço esquerdo. Até onde sei, escapou, graças ao Trauminha de
Mangabeira e depois ao Traumão do Pedro Gondim. A criança teria sido
baleada dentro de farmácia ou na frente do estabelecimento, pretenso
cenário de um tiroteio. Pela descrição disponível, seria caso de bala
perdida? Não creio. Uma bala perdida é verossímil. Mas duas, contra um
mesmo corpo... Leva o maior jeito de Pitoba 2.
Caso Rebecca
Para não sair da linha da coluna de hoje, publico a seguir Carta Aberta
ao Governador assinada por Laura Berquó, do Conselho Estadual de
Direitos Humanos.
***
Prezado Governador, esta semana (10.09) completou aniversário do
assassinato de Rebecca. O Secretário de Segurança se incomodou com
algumas faixas da manifestação pacífica que houve no dia 7 de setembro
de 2014, onde a mãe de uma vítima (Sebastian Ribeiro Coutinho), outra
senhora e dois conselheiros de DH (Eu e Marinho Mendes) pediram
elucidação dos homicídios na Paraíba. Inclusive não entendemos até agora
o porquê de o Secretário Adjunto de Segurança ligar para o Presidente
do CEDHPB condicionando qualquer diálogo e apoio material ao Conselho ao
nosso silêncio. O Secretário teria se sentido humilhado porque quatro
pessoas colocaram faixas pedindo que ele resolvesse apurar os homicídios
na Paraíba, em especial os que encobrem situações mais escabrosas, com
pistoleiros de políticos e militares envolvidos como no caso de Rebecca.
Eu acredito que houve uma confusão aí, porque o apoio material ao
CEDHPB deve partir em virtude de lei. Pelo visto, o Poder Executivo
desconhece as próprias leis por ele sancionadas. O desconhecimento parte
tanto da PGE (Procuradoria Geral do Estado) como dos diretores de
presídio e do Secretário de Administração Penitenciária. Portanto,
dialogar com o CEDHPB e dotá-lo de estrutura material é obrigação do
Secretário Cláudio Lima, e não favor. Aliás, onde estão os recursos que
deveriam ir para o funcionamento do CEDHPB? Não iremos nos calar nem
aceitar qualquer imposição ao funcionamento do CEDHPB ou embaraço à
manifestação de seus membros. Aliás, cabe Ação de Obrigação de Fazer
contra o próprio Estado para que sejam repassados os valores devidos ao
CEDHPB. Não vivemos de esmolas, nem de cala-bocas. Voltando ao caso de
Rebecca, quero mais uma vez perguntar quando será findada investigação
com os devidos indiciamentos, sem procurarem bodes expiatórios, conforme
ouvimos em investigações paralelas. Não é qualquer resposta que
queremos, mas a resposta correta. Registro aqui a coragem de Marinho
Mendes (Promotor de Justiça) em ter comparecido à Corregedoria da PM e
ter mais uma vez ratificado os nomes dos policiais militares e outros
envolvidos e tudo o que soube sobre o caso Rebecca. Por isso, não serão
ameaças de cessação de possíveis apoios ao CEDHPB, que nunca ocorreram,
que farão calar as vozes mais altivas."
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