sábado, 13 de setembro de 2025

O VOTO FEMININO: PEÇA DE 1890 DE AUTORIA DE JOSEFINA ÁLVARES DE AZEVEDO


 O VOTO FEMININO: PEÇA DE 1890 DE AUTORIA DE JOSEFINA ÁLVARES DE AZEVEDO


Em 1890, a feminista paraibana Josefina Álvares de Azevedo publicou a comédia O Voto Feminino, peça teatral de apenas 1 ato. As personagens são: a protagonista Inês, que conseguiu convencer sua filha Esmeralda e sua criada Joaquina a lutarem pelo voto feminino, pelo direito de ocuparem cargos públicos, propondo uma nova divisão sexual do trabalho. Inês antevê que um dia as mulheres serão iguais aos homens perante a lei. O antagonista é o seu marido, o ex-Conselheiro Anastácio, que busca apoio no seu genro Rafael, no criado do Doutor Florêncio, Antônio (noivo de Joaquina) contra a luta das mulheres pelo direito ao voto, temendo perder espaço político, poder e claro, temendo uma nova divisão sexual do trabalho. No final, os homens vencem.

Josefina Álvares de Azevedo denuncia na referida peça a apropriação intelectual do trabalho de mulheres de políticos por seus maridos. Sobre a época, a referida comédia integra a primeira parte da obra da autora A Mulher Moderna. Josefina Álvares de Azevedo, no texto que antecede à peça teatral, reclama, assim como reclamou Nísia Floresta anteriormente, que a mulher tem direito à instrução e que possui as mesmas condições que os homens de ocuparem cargos públicos. Ainda, reclama que dos 21 "conselheiros" da Assembleia Constituinte de 1890, 2/3 se manifestaram contra o direito ao voto feminino. Josefina busca refutar todas as alegações trazidas na época para desmerecer o direito das mulheres ao voto.

As mulheres no Brasil inteiro só puderam (facultativamente) votar e serem votadas com o Decreto nº 21.076 de 24 de fevereiro de 1932. O Código Eleitoral de 1932, em seu artigo 2º dizia “É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste Codigo”

Mas as mulheres analfabetas só puderam votar em 1985 com a Emenda Constitucional nº 25 ao texto de 1967. E para finalizar, quero aqui mencionar outras duas grandes figuras paraibanas na defesa do voto feminino: a primeira advogada paraibana Catharina Moura, que fez seu discurso em 1913 defendendo o voto feminino (o acervo do IHGP se encontra com os textos rasgados do jornal A União que publicou o discurso), antes mesmo de Bertha Lutz, e o grande feminista e intelectual paraibano Carlos Dias Fernandes que era um defensor dos direitos das mulheres participarem ativamente da vida política.

Laura Berquó

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