I
INTERSECCIONALIDADE de CARLA AKOTIRENE. Feminista negra, Ialodê, Filha de Oxum que abre espaço para o empoderamento de mulheres e homens negros a partir da discussão do conceito de interseccionalidade desenvolvido por Kimberlé Crenshaw após a Conferência de Durban como crítica ao racismo patriarcal sendo a interseccionalidade o cruzamento dos sistemas de opressão que se sobrepõe um ao outro se interligando pelos critérios de classe (capitalismo), gênero (cisheteropatriarcado) e raça/cor (racismo). Considerando sobre os seguintes pontos que alcancei devendo ser feita por mim mais uma leitura acurada, vou enumerar alguns somente. Inclusive deverei fazer nova leitura para identificar os pontos pertinentes ao Direito. Para o momento: o racismo no feminismo branco que pode ser projetado numa sororidade racista conforme a autora citando Houria Bolteldja, onde o feminismo branco salvacionista na África não faz a devida crítica e protege o patriarcado branco que comete crimes contra minorias em seus próprios territórios, citando Chandra Mohanty. Ainda a sororidade racista é fácil de ser identificada porque ser antiescravocrata não faria necessariamente alguém ser antirracista como dito pela autora bem antes em seu texto. Há um comportamento colonialista no feminismo branco ocidental que incorpora a ideologia neoliberal. Importante a colocação da autora sobre a dominação colonialista sobre os corpos de homens e mulheres negras, racializados, encarcerados, que alimentam a indústria da população carcerária das políticas neoliberais e mais uma vez estereotipar a população negra. Alerta Akotirene para a necessidade do homem negro decolonizar-se e nesse aspecto a autora me lembra Aime Cesaire quando nos remete a povos antecapitalistas e as suas formas de se relacionarem entre si. Também denuncia a criminalização de corpos femininos negros e a exposição por meio da revista íntima vexatória haja vista que homens negros são os corpos que abastecem o sistema prisional. Trata a autora do racismo institucional e como as instituições transformam individualmente negros em racistas, como produto do racismo estrutural, no momento em que uma farda representa o EU da instituição e não o EU do indivíduo. Cita portanto Sueli Carneiro que trata da política de biopoder para perpetuar o epistemicídio negro e o racismo institucionalizado e mais uma vez critica a sororidade racista das feministas brancas. O perigo da interseccionalidade virar modismo acadêmico e o seu esvaziamento por feministas negras acadêmicas que desconhecem a realidade, outras mulheridades negras. Há muitos pontos sobre mulherio africano e feminismo negro, feminismo negro e feminismo interseccional que merecem um tópico à parte pela riqueza de conteúdo. O feminismo é amplo e cabem críticas. Muitas críticas construtivas, sejam elas de mulheres negras, brancas, trans, só não tem espaço de quem não tem intenção de contribuir para respeitar a existência das pessoas. E nesse existir, o racismo patriarcal tentou apagar a existência e história de Beatriz Nascimento.
Laura Berquó
Nenhum comentário:
Postar um comentário