Patriarcado e matriarcado são, antes de tudo, primeiramente, aspectos da psique que devem ser equilibrados para que possam trazer um benefício para o indivíduo e para a sociedade. Assim, na leitura de "A Prostituta Sagrada. A Face Eterna do Feminino" de Nancy Qualls-Corbet, traz elementos positivos do patriarcado como as instituições, as leis, as formas de organização para a sobrevivência, etc. Os elementos positivos do matriarcado seriam os costumes, a espiritualidade, as artes, etc. Elementos de ambos deveriam viver harmonicamente na nossa psique, como uma contraparte saudável e não adoecida. Não é o aspecto adoecido do patriarcado que é repelido na prática em muitos discursos, mas o fato de não usar saias. Nesse sentido o feminismo liberal é o mais próximo da realidade do patriarcado de saias e a base das que defendem o falso fim do patriarcado. Apenas para citar um exemplo dessa disputa do patriarcado masculino com o patriarcado de saias temos a manutenção de todas as formas da violência adultocêntrica. A violência adultocêntrica e o capacitismo chegam primeiro que a misoginia. A lei, por exemplo, já informa os casos de aborto amparados, com suas excludentes de ilicitude específicas que servem ao patriarcado, em esoecial no caso de estupro, haja vista que nenhum homem quer ver sua "propriedade esbulhada". Não entro aqui na falta de observância desses direitos e se são legítimos. Meu foco nesse texto é o patriarcado de saias. E esse sim, disputará o direito de gládio com o patriarcado dos homens para decidir se um feto merece viver ou morrer, quando falamos em aborto irrestrito, como se fosse direito de uma mulher decidir sobre a vida de um terceiro em desenvolvimento, assim como fazem os homens. Nem a inveja da maternidade que os homens sentiriam, e para mim seria a verdadeira causa para a passagem do matriarcado para o patriarcado, é argumento que serve para frear o exercício do poder sobre fetos. A inveja do falo venceu. Mas há algo de mais nefasto que a falta de sororidade? Na verdade temos: a "antropofagia" no seu sentido metafórico. Porque a sororidade é um termo criado nos anos 1970. Segundo bell hooks é um pacto antissexista e antimachista. Mas na prática não muda a "antropofagia" entre mulheres. Ao ler "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", de Engels, perdi o sono com a fase média do estado de selvageria: "Nunca houve povos exclusivamente caçadores, como consta nos livros, quer dizer, povos que vivessem exclusivamente da caça. O fruto da caça. de fato, era demasiado incerto. A antropofagia parece ter surgido nessa fase, como consequencia da permanente incerteza quanto as fontes de alimentação tendo subsistido por muito tempo". Não causa estranheza, que o ser humano possa se voltar contra os seus iguais para manter sua sobrevivência. O mesmo nas relações entre mulheres, quando ocorre "antropofagia", caso aquela não seja considerada suficiente para aderir ao patriarcado de saias ou se submeter aos seus caprichos. O patriarcado de saias não é o fim do patriarcado tradicional como sistema de opressão, mas uma adaptação dele para usufruto das mulheres.
Laura Berquó
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