segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A FLOTILHA, O GENOCÍDIO E O 7 DE OUTUBRO

 


A FLOTILHA, O GENOCÍDIO E O 7 DE OUTUBRO


Há 04 dias a Flotilha Global Sumud foi interceptada por Israel quando levava ajuda humanitária para Gaza. Brasileiros que viajavam entre as mais de 460 pessoas se encontram presos, a exemplo da Deputada Federal Luizianne Lins (PT-CE). Não foram encontradas armas na flotilha, não foi encontrado nada que justificasse o receio para a apreensão das embarcações que não fosse somente o fato de estarem embarcadas personalidades de projeção internacional que gritariam "Palestina Livre". O que creio que falta aos extremistas é realmente confessar que concordam com crimes de guerra, contra a humanidade a depender de seus interesses ou ódios pessoais. E aqui me refiro aos que não querem ver os horrores do governo de extrema-direita de Netanyahu, que promove realmente um genocídio contra palestinos em Gaza, bem como a extrema-esquerda antissemita que normaliza ou diminui os horrores de 07.10.2023 dos sequestros, estupros, assassinatos com requinte de crueldade, torturas contra israelenses pelos terroristas do Hamas, com a justificativa que Hamas é resistência contra o "sionismo" colonizador israelense. Fosse você estuprada/o coletivamente ou tendo seu bebê queimado vivo por ser judeu ou outra etnia, não pensaria dessa forma. Há um antissemitismo disfarçado de antissionismo que tenta justificar o Hamas. 

O Estado brasileiro inclusive por meio do Ministério das Relações Exteriores lançou a Nota à Imprensa n• 438 e a Nota à Imprensa n° 476 condenando o Hamas pelos ataques terroristas e pelos sequestros de 07.10.2023. Opiniões pessoais de governantes e políticos, bem como a manipulação por bolsonaristas ofuscam o posicionamento oficial do Estado brasileiro na questão.

Não sou antissionista. Creio que os povos se autodeterminam e a comunidade internacional de Estados reconhece a existência de um Estado. Foi assim com Israel. A história do antissemitismo permeia a Europa desde o século I, bem antes do capitalismo metalista do século XV e o racismo científico inventarem o racismo contra a população negra, justificando outro crime contra a humanidade. A criação de Israel como Estado nasce dos episódios de quase dois milênios de antissemitismo que encontrou no Holocausto seu ápice. 

Inclusive não há como chamar de Holocausto Palestino o genocidio em Gaza como forma de disparar gatilhos em judeus, porque as motivações do governo de extrema-direita de Israel não são as mesmas de Hitler. A questão é que há um genocídio em Gaza. Há crimes de Guerra sendo praticados e na condição de Estado soberano na comunidade Internacional, Israel precisa cumprir regras. Não é antissionismo, nem antissemitismo dizer que Israel precisa cumprir regras. As Convenções de Genebra e seus protocolos, dentre outros documentos de Direito Internacional Humanitário e Direito Internacional Público devem ser observados. E creio que o debate no meio jurídico deveria ser jurídico, tanto por parte dos que defendem o atual Governo israelense como de antissemitas que usam o antissionismo como escudo. Se há discordância entre judeus sobre se deve ou não existir o Estado de Israel, isso é um problema deles que têm legitimidade entre eles de discordarem entre si. Não deve servir de pretexto para antissemitas, porque sem um Estado acredito que judeus estão mais vulneráveis pelo mundo. Mas não há como concordar com o genocídio em Gaza. Isso justifica a autodeterminação dos palestinos como Estado para se livrarem das violações promovidas por Israel e do próprio Hamas.

Laura Berquó

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