segunda-feira, 27 de julho de 2015
HISTÓRIA DA PROSTITUIÇÃO - Luciene Araújo
HISTÓRIA DA PROSTITUIÇÃO
JAIME BRASIL, em a “A Questão Sexual”
Sempre que alguém discorre sobre a prostituição, remonta às origens dela recordando a prostituição hospitaleira dos caldeus, ou a sagrada da Babilônia. Ora, A PROSTITUIÇÃO NUNCA FOI SAGRADA NEM HOSPITALEIRA por que tem sido sempre infame, como o mercantilismo que a tornou possível.
A prática dos antigos povos do Oriente, seguida ainda hoje por muitas tribos selvagens de oferecer as mulheres e as filhas aos hospedes e forasteiros, nada tem com a prostituição. É o segmento da tradição poligâmica da comunidade primitiva das mulheres. O caráter religioso, isto é, mágico, que sempre andou ligado às revelações sexuais, entre esses povos, levou-os a consagrarem templos aos deuses e deusas da fecundação.
O contributo que as mulheres da Babilônia eram chamadas a dar ao CULTO A DEUSA DE MILITA, oferecendo-se, pelo menos uma vez por ano, aos que visitavam o templo, não significa também que houvesse prostituição. Dado que a poliandria e a promiscuidade eram a tradição, o restabelecimento dessa prática com fins religiosos mediante um donativo para o culto, de maneira nenhuma se deve aproximar da prostituição, exercida permanentemente como profissão, com um objetivo mercantil. Um vestígio dessa tradição existe ainda hoje nas chamadas “festas de caridade”, em que damas da alta roda ou atrizes em evidência, põem em leilão um beijo a favor de obras beneficentes. Esse costume: a retribuição monetária de um prazer embora com objetivos altruístas – não é por ninguém considerado um ato de prostituição, nem prostitutas, apenas por isso, aquelas que o praticam. A PROSTITUIÇÃO É A CRISTALIZAÇÃO DA PROMISCUIDADE COM FINS MERCANTILISTAS. À tradição e aos costumes não repugnava – nuca repugnou – a poligenia e poliandria, isto é, as relações sexuais de um homem com muitas mulheres e destas com muitos homens. O MERCANTILISMO APROVEITOU-SE DESSA DISPOSIÇÃO NATURAL PARA FINS COMERCIAIS, rodeando a prostituição de leis, de privilégios, de repressões de tabus, que visavam e visam a proteger o negócio.
NA GRÉCIA, o território tipico da civilização antiga, em que cada cidade era uma autarquia. Parece não haver dúvidas de que no tempo de Cekrops, o fundador de Atenas (1.600 a.C.) reinava a comunidade das mulheres. Com o consolidar da civilização, o princípio da propriedade individual tomou vulto, o mercantilismo apareceu, gerando um e outro, por um lado a acumulação de riquezas e por outro o pauperismo. Daí, surgiu a prostituição que é a sua consequência imediata.
Na Grécia, as prostitutas vulgares eram escravas e tinham o nome de PORNÉ; a casa onde exerciam o seu comércio era o PORNEION; e os industriais que exploravam o negócio eram os pornoboskoi. Essas mulheres pagavam um tributo pornokontelas e dependiam da autoridade dos magistrados agoranomos, que vigiavam a sua maneira de proceder.
Viviam em Atenas num bairro reservado que tinha o nome de Cerâmico. Aí fundou Sólon um porneion para “ satisfazer as necessidades do povo“, sendo por isso muito louvado por seus aduladores.
Outra classe de prostitutas superiores a esta era a das que exerciam as profissões de dançarinas, cantoras, tangedoras de instrumentos musicais. Eram as BACANTES, também chamadas etéreas aulétridas e dictéredas. Tomavam parte nas festas e banquetes e na retribuição pelos serviços da sua arte estava envolvida a da sua condescendência com seu anfitrião e seus convidados. Em regra, mulheres livres, entre elas se recrutavam as SACERDOTISAS de Diónisos e de Vênus Cotito.
A classe das HETAIRAS, que se tem pretendido colocar como a de mais alto grau das prostitutas da Grécia, era constituída por mulheres livres, cultas e famosas, que recebiam em suas casas os políticos, os generais, os filósofos e os poetas, raras vezes, mantendo relações sexuais, simultâneas, com mais de um.
A significação de hetaira é: companheira, amiga, amante. Eram lícitas e regulares as relações íntimas com elas. Na época brilhante da civilização grega, no templo de Sócrates, de Platão, de Demóstenes, as leis e os costumes permitiam aos cidadãos possuir três mulheres: a HETAIRA, especialmente para os prazeres do espírito; a PALACA, para a direção dos serviços domésticos; e a esposa, para a procriação dos filhos legítimos. As leis de Drácon sancionavam essas uniões a três, declarando livres os filhos delas, punindo as palacas e esposas que praticavam o adultério.
À poligamia dos homens correspondia a poliandria das hetairas, ou melhor, uma
“monogamia periódica sucessiva”. Havia duas classes de hetairas em Atenas e Corinto. A primeira compunha-se de mulheres letradas; e a segunda compreendia as mulheres que, pela sua beleza, sua graça ou o seus espírito, se tornavam as favoritas dos grandes, dos príncipes e dos reis.
As primeiras não se vendiam às riquezas, o único desejo de se instruírem impelia-as a colocarem-se acima da opinião e a preferirem a vida livre à vida obscura da casa. Escolhiam o homem que lhes convinha e viviam maritalmente com ele. As segundas, menos instruídas, mas não menos amáveis, procuravam a fortuna e tornavam-se as favoritas – as mulheres pela cabeça e pelo coração, - de homens ricos e poderosos. Um exemplo das primeiras a sábia Aspásia, mulher de Péricles e sua inspiradora: das segundas a famosa Laís, a quem em vida foi erguido um monumento com esta inscrição: “À benfeitora Laís o povo de Corinto agradecido”
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