Eco e Narciso por John William Waterhouse
O narcisista tem sempre um capacho e Eco faz bem esse papel, reproduzindo mundo afora as formas-pensamentos de seu belo e ensimesmado amor. Assim também é nossa sociedade com nossos pactos narcísicos e a imposição dos que tentam nos transformar em Eco desde sempre, para sairmos reproduzindo pactos narcísicos racistas, sexistas, adultocêntricos, ...
iancófilos, classistas, subalternizantes.
Eco se propõe na nossa realidade a sairmos reproduzindo modelos e modos de vida que nos tiram a própria autodeterminação, mas que servem a outros modelos ensimesmados que não serão capazes de restituir: o afeto, o autoamor, a dignidade. Verdadeiros 'Seis de Ouros” são essas relações de desproporções que empurram ao auto ódio.
A extrema-direita brasileira tem feito bem o papel de Eco. Não é apenas apontado como entreguista. É mais que isso. É falta de autoamor, inconsciente, claro! E Eco sai agora repetindo orgulhosa no descartável e no oco: MAGNITSKY! ...NISTKY!..nistky...! Até não poder ser mais ouvida. Eco é o reflexo de Narciso, mas acha que é dela própria.
Não sejamos Narciso, nem Eco. Sejamos nós mesmos, como propõe o Estado brasileiro, respeitando a autodeterminação dos povos, os direitos humanos, a soberania nacional, nossas riquezas, nossos saberes. No portal do Templo de Apolo, no Oráculo de Delfos, pude ler: “Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás os Deuses e o Universo.” Os brasileiros da extrema direita precisam buscar esse autoconhecimento para deixarem de ser a Eco dos norte-americanos, crendo que estão refletindo a própria opinião.
Laura Berquó
Advogada e Professora da UFPB. Mestre em Ciências Jurídicas pela UFPB. Ex-Conselheira Estadual de Direitos Humanos da Paraíba. Membro da ABMCJ-PB – Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica. Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB Nacional.