"ATUALIZAÇÃO" DO PAPIRO ERÓTICO DE TURIM: A IMPORTUNAÇÃO SEXUAL CONTRA A PRESIDENTE DO MÉXICO
O Canal History Discovery apresentou há alguns anos um documentário sobre o Papiro “Erótico” de Turim, encontrado no Egito e que data de mais de um milênio antes de Cristo. Além de tratar da sexualidade no Antigo Egito e de estética feminina, o referido documentário trouxe grafites da época que demonstram a forma de protesto contra dirigentes mulheres por meio de desenhos pornográficos. Do Egito Antigo para os dias atuais nada mudou, não é verdade? Basta gravarmos a misoginia pornográfica sofrida pela ex-presidente Dilma Roussef que às vésperas de seu impeachment foi alvo de piadas por meio de adesivos pornográficos colados às tampas dos tanques de combustível dos carros, em que a imagem da ex-presidente era reproduzida com as pernas abertas.
Mostrando que a misoginia e ofensas de cunho sexual e até mesmo podendo chegar à violência sexual de fato por ocuparmos espaços públicos de poder, saiu na imprensa que a Presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi vítima de importunação sexual enquanto cumprimentava eleitores na Cidade do México. Um homem chamado Uriel Rivera, que já foi preso, tocou seus seios e corpo de forma obscena, além de tentar beijá-la. O que chama a atenção na notícia do Metrópoles é que "manteve a calma, tratou o homem com gentileza e até aceitou tirar uma foto com ele". E se tivesse rodado a mão na cara do sujeito estaria errada? Porque parece que além da violência devemos manter o autocontrole em nome da liturgia do cargo, como se homens passassem por isso.
''Moço, eu já cansei de lhe dizer que mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer. Você ainda vai bater no meu portão, a toda hora implorando o meu perdão, mas eu não posso aceitar de coração, porque mulher tem que ter opinião", esta estrofe é um ponto para Pombagiras cantado em terreiros de Umbanda e aqui na Paraíba em terreiros de Candomblé que iniciaram os cultos afro -brasileiros a partir da Umbanda e da Jurema Sagrada, sendo difícil as casas de Candomblé na Paraíba não possuírem suas festas para Pombagira ou não manterem a sua Jurema de chão. Mas quem são as temidas Pombagiras para os não-adeptos, porém amadas e admiradas por umbandistas e candomblecistas? A Pombagira é um espírito de mulher, é antes de mais nada um espírito desencarnado que através de um/a médium incorpora para poder através de seus conselhos e apoio espiritual ajudar aos encarnados em diversas questões: amorosas, trabalho, saúde, etc, etc. Com certeza, somente nos terreiros de Umbanda acharam o solo fértil para que pudessem prestar o seu serviço solidário às diversas pessoas sem os preconceitos inerentes à visão espírita kardecista. Esta sofreu a influência das religiões abrâamicas sobre a sexualidade feminina. Os adeptos da Umbanda recorrem às mulheres que em vida tiveram suas existências traçadas por um estilo de vida, em sua maioria, reprovável socialmente. Muitas foram: cortesãs, prostitutas, amantes e se retrocedermos à Grécia Antiga, foram hetairai, e em outras civilizações Prostitutas Sagradas. Também foram queimadas pela fogueira da Santa Inquisição ou perseguidas como bruxas. A Moça mais famosa no Brasil (e países vizinhos como Argentina) e que comanda as legiões de Pombagiras no astral, é sem dúvida Dona Maria Padilha. Seu nome original é espanhol Maria Del Padilha, de origem incerta, espanhola cigana quem sabe, mas que conquistou em idos do século XIV o coração de um príncipe, causando horror por sua ousadia, magias, etc. Dona Maria Padilha é citada na obra 'Carmem' de Prosper Merimée, datada do século XIX e que inspirou a ópera famosa de outro francês, George Bizet. Faz referência à célebre entidade, quando narra que a cigana Carmem orava e pedia ao espírito da então cigana de Maria del Padilha proteção e ajuda para resolução de problemas. Trata-se da mesma entidade. Logo, tudo indica que Maria Padilha não é lenda, mas foi antes de tudo uma realidade. Na Ópera podemos ver a dedicação à figura histórica de Dona Maria Del Padilla, através da composição de Gaetano Donizetti com libreto de Gaetano Rossi, obra do século XIX. Tanto Bizet, como Merimée, assim como Donizetti e Rossi pertencem ao período do romantismo onde há a exaltação de figuras femininas do período da Baixa Idade Média. Laroyê, Dona Maria Padilha do Cabaré!
Laura Berquó
Obs.: esse artigo já foi várias vezes republicados em veículos diversos
Uma coisa que aprendi com movimentos sociais e grupos de estudos é que nós pessoas brancas ou lidas socialmente como brancas não devemos ser os "brancos salvadores"... Esse comportamento em pessoas brancas recebe o nome de Síndrome de Senhorita Morello. Na verdade, é uma usurpação do lugar de fala e de protagonismo de pessoas negras, que ascendem pelos próprios esforços e cujas conquistas são atribuídas aos brancos salvadores.
ENTRE O DIABO E A TORRE: POR QUE TENTAM NOS SILENCIAR E INTERROMPER?
Hoje reclamei estar sofrendo manterrupting em um grupo de advogados, onde sofri injúrias por cincunlóquios, tentativa de invisibilização das minhas postagens por uma advogada que tem o habito de postar em seguida a mim, de forma frenética, para que minha fala sempre suma nos grupos, bem como ainda tenho que lidar com os que se prestam a me perseguir por delegação de assediadores. Sim, falo de advogados e advogadas. No patriarcado de saias, algumas mulheres se iludem achando que estão rompendo padrões, quando se prestam a fazer o que homens costumam fazer: interromper, tentar intimidar, silenciar, excluir de espaços públicos mulheres que não aceitam ser subjugadas. Mulheres que estão colocadas entre os arcanos de O Diabo e de A Torre por perverterem a ordem imposta. Mulheres subvertem a ordem quando não se calam. E o bullying institucional, que é proprio de ambientes onde ocorrem assédios morais, tenta colocar mulheres que denunciam como as erradas. Nada mais arcaico em homens que não entenderam que nós mulheres não nos limitamos às nossas vaginas e que elas estão ao nosso serviço e não para sermos reduzidas ao nada por homens que se sentem ameaçados por mulheres fora do script. Sobre mulheres que odeiam mulheres, não vejo diferença delas para os homens, pois na prática são feministas liberais, que querem que aguentemos caladas e silenciadas em nome do bom nome da entidade, família e etc. O que posso dizer: melhorem! Aguardando o tempo em que A Roda da Fortuna gire. Na planície, muito roedor se esconde.
COMO FUNCIONA O MUNDO DOS HOMENS E MULHERES QUE GOSTAM DE PERSEGUIR MULHERES.
Até outro dia, eu era cantada por um dos colegas casados que está ajudando a me perseguir e tentando me silenciar. Não posso falar para os meus pares em espaços institucionais, porque sou "persona non grata" em ter reagido em defesa de uma colega também perseguida. Hoje sou execrada, pasmem: porque não quero colaborar com a minha autoexterminação em espaços associativos. Sim, estão perseguindo mulheres em instituição mais que centenária. Nós mulheres advogadas ainda passamos por esse tipo de coisa. Só servimos enquanto não reagimos ou na esperança de uma boa cama. Previsível no mundo machista e patriarcal. A fala que "problemas internos devem ser tratados internamente" merece a seguinte tradução: "nós vamos te perseguir, oprimir, invalidar, mas só fica entre a gentei." . Imagine se a vítima de violência não rompesse o ciclo? Porque pela lógica desses colegas, se você apanha em casa, você deve tratar internamente, na sua casa, com seu agressor. Pior é pagar uma anuidade mais cara que a da OAB pra ser maltratada e usarem recursos para promoverem indiretas contra as associadas perseguidas.
Dando
prosseguimento à série sobre os Ingênuos e os Nascidos Escravizados na antiga
Paróquia de Nossa Senhora das Neves no ano de 1833, hoje traremos a relação das
crianças que nasceram escravizadas e foram batizadas no ano de 1833 na antiga
capital da Parahyba.
No
ano de 1833 foram batizadas 296 crianças e 1 mulher adulta escravizada. Dessas
297 crianças, já analisamos as que foram vítimas de mortalidade infantil
(batizadas em perigo de vida) em artigo anterior da série. No quadro
demonstrativo que se seguirá, veremos que novamente repetimos essa informação,
porque duas dessas crianças nasceram escravizadas e foram batizadas em perigo
de vida por José Vicente Torres, que no caso era o responsável direto pela
escravização de duas mulheres negras. Eram as crianças Manoella, 04 meses e
Maria, párvula sem idade informada.
No
ano de 1833 foram batizadas 27 crianças nascidas escravizadas, sendo as demais
consideradas ingênuas, porque ao tempo do nascimento, mesmo no caso de crianças
pretas e pardas, as mães não eram mulheres escravizadas ou porque eram brancas.
No
caso, se a mãe da criança não fosse escravizada, mas o pai sim, fosse
escravizado, a criança era considerada ingênua. Vejamos um caso:
Ignácia,
párvula batizada em 24.11.1833, “filha natural do preto Domingo do Rêgo,
escravo de “ilegível” com a parda forra Maria Francisca do Rozário.” Foi
padrinho Joze do Rego Pavão.
O
que justificava no Direito que crianças nascessem na condição de escravizadas e
não de ingênuas (crianças nascidas livres)? Até o ano de 1871, o Direito
brasileiro com base no Direito Romano, fonte subsidiária do nosso direito civil,
adotava o Princípio do Partus Sequitur
Ventrem. Como nos explica André Barreto Campello em sua obra “Manual
Jurídico da Escravidão: cotidianos da opressão” ao citar o artigo 1º da Lei do
Ventre Livre:
“Por
este artigo, o princípio do partus
sequitur ventrem era rompido. Na lógica do sistema escravista, os filhos
nascidos de uma escrava pertenciam ao senhor, obedecendo ao referido odioso
princípio romano” (2021, pp.528-529)
Conforme
dito anteriormente em outros textos desta série, a antiga Paróquia de Nossa
Senhora das Neves batizava pessoas da: capital paraibana, Livramento (Santa
Rita), os engenhos de cana-de-açucar de Santa Rita e Ingá. Além de batizar
pessoas indígenas do Litoral Norte (Baía da Traição). Somente os livros de
batizados a partir de 1833 chegaram aos dias atuais, embora a Paróquia de Nossa
Senhora das Neves tenha sido criada ainda no final do século XVI com a fundação
da cidade.
Para
o sexto texto da série, traremos algumas análises sobre o apelido “Cabra”,
sobre a quantidade de mulheres de origem africana que constam do quadro abaixo
e o que Direito pode nos esclarecer sobre o fim oficial do tráfico negreiro,
sobre a afetividade na escolha das madrinhas e padrinhos, tratando novamente
numa perspectiva jurídica.
O
primeiro registro de criança escravizada batizada em 1833 foi em 12.02.1833 de Benedita,
párvula de 46 dias, parda, batizada pelo Vigário Joaquim Antônio e marques. Era
filha natural da mulher escravizada Catharina, preta de Angola, escravizada por
João Nepomuceno Borges. Foram padrinhos Antônio da Paz da Cunha e “ilegível” de Almeida.
Seguem
os demais registros:
DATA
DO BASTISMO
NOME
DA CRIANÇA
GENITORES
PADRINHOS
IDADE
21.02.1833
Manoela*
Filha
natural de Anna (escravizada) e José Antônio Lopes
Luiz
Francisco dos Santos Lima e Maria Francisca Coelho
Não
consta. Apenas
párvula
21.02.1833
Domingos
**
Filho
natural de Joaquina (escravizada) e João José Lopes
João
Thomas e Maria do Bonfim
03
meses
03.03.1833
Thimótheo***
Filho
legítimo de Vicente “Góvea” (?) e Lourença Maria (ambos escravizados)
Martinho
Ribeiro e Maria Joaquina
Não
consta.
Apenas
párvulo
18.03.1833
Manoella****
Filha
natural de Joana (escravizada por José Vicente Torres)
Batizada
em perigo de vida por José Vicente Torres
04
meses
06.04.1833
Lucinda*
Filha
natural de Joaquina Cabra (escravizada por Manoel Ramalho de Vasconcellos)
Antônio
José Batista
03
meses
26.05.1833
Joze*****
Filho
natural de Maria Lima (“mulata” escravizada por Vicente Ferreira de
Vasconcellos)
Manoel
Pereira de Sant’Anna
(pardo
livre e solteiro)
Não
consta.
Apenas
párvulo
21.06.1833
João*****
Filho
natural de Maria (preta de nação, escravizada por Francisca Vitória do
Nascimento Vieira e pelo Capitão Ignácio Ferreira Soares)
Vicente
Fernandes de Luna (casado) e Maria do Rosário (solteira e escravizada por
Anna da Silva Maciel)
41
dias
23.06.1833
Maria
******
Filha
natural de Joaquina “Monteira” (escravizada por Dona Francisca Monteira de
Sales)
Joze
Gonçalves dos Prazeres
Não
consta. Apenas
párvula
30.06.1833
Joanna*****
Filha
natural de Maria (negra de nação escravizada por Manoel Francisco de Oliveira
e Mello)
Francisco
de Salles Pereira de Carvalho (pardo escravizado por Antônio Elias de
Carvalho
30
dias
14.07.1833
Lídia******
Filha
natural de Sofia (parda escravizada por Lucia Rita Barreto)
Tenente
Joze da Rocha (casado)
03
meses
04.08.1833
Laurentino*****
Filha
natural da “preta Maria Crioula” (escravizada por Francisco Joze Henriques
Junior
Joze
Marinho Correia (casado) e Antonia Marcelina da Conceição (solteira)
Filho
natural de Lourença (escravizada pelo Sargento Francisco Monteiro da Franca)
Marco
de Mello Moreira Lima
26
dias
11.08.1833
Faustina*****
Filha
natural de Luíza (escravizada por Francisco Alves de Souza Carvalho)
José
Antonio Alves da Silva Guimarães (solteiro) e “Lirinda” (?) Maria da
Conceição (“crioula livre”
02
meses
20.08.1833
Maria
*
Filha
natural de Mariana (preta escravizada por Joaquim da Silva Guimarães)
Francisco
Xavier da Rocha e Elena Francisca (solteira)
15
dias
1º.09.1833
Maria****
Filha
natural de Roza Crioula (escravizada por José Vicente Torres)
Batizada
em perigo de vida por José Vicente Torres
Não
consta.
Apenas
párvula.
11.09.1833
Roberto*****
Filho
natural de Domingas (preta de nação escravizada por João Nepomuceno Borges)
Damião
Antônio Gonçalves de Medeiros
05
meses
15.09.1833
Romana*****
Filha
natural da parda Florinda (escravizada de Dona Francisca Romana da Gama e
Mello)
Cosme
da Gama (pardo livre e casado)
05
meses e 18 dias
22.09.1833
Joze*****
Filho
natural de Anna (preta de nação escravizada por Joze Monteiro)
Manoel
de Góes e sua esposa Joaquina (ambos pretos livres)
1
mês
29.09.1833
Antonio*******
Filho
natural da “preta” Luiza de nação “Mussandi” (?) (escravizada por Francisco
Xavier de Abreu)
Manoel
Cipriano Ferreira (solteiro)
22
dias
30.09.1833
Joze
Filho
legítimo de Marcelino Correia e de Maria Luiza (ambos “crioulos captivos do
Senhorio de Engenho Gargaú). Freguesia de Nossa Senhora do Livramento Santa
Rita –PB, em virtude da licença do Rev. Vigário daquela freguesia Pe. Mathias
Leal de Lemos)
Francisco
Xavier da Rocha (solteiro) e Silvéria Francisca Coelho (solteira)
1
mês e 04 dias
13.10.1833
Vicente*****
Filho
legítimo de Marcos do Rego e Luiza Antônia de Jesus (“crioulos” escravizados
por Caetano Joze de Almeida)
Luiz
da Franca Neves e sua esposa Agostinha de Goes (ambos “crioulos” livres)
1
mês
13.10.1833
Joze*****
Filho
natural de Maria Crioula (escravizada por Pedro Joze de Gandra)
Francisco
Soares “Serino” (?), casado e Mariana Crioula, solteira e escrevizada por
Joze Joaquim Gonçalvez
2
meses
27.10.1833
Miguel*****
Filho
natural da “preta” Francisca de nação (escravizada por Ignácia Maria do
Rozario)
Martinho
de Aragão (preto escravizado) e Dona Anna Bandeira de Mello
15
dias
06.11.1833
Feliciano*****
Filho
natural da preta Izabel (escravizada por Antonio Joze Aranha)
Antonio
Joze da Silva (casado)
1
mês
24.11.1833
Silvana*****
Filha
natural de Luiza (escravizada por Joze Antonio Lopes de Albuquerque)
Anna
(mulher parda escravizada por Benedito Joze Antonio Lopes de Albuquerque)
Não
consta.
Apenas
párvula.
29.12.1833
Dionízia*****
Filha
natural de Izabel Crioula (escravizada por Nicolao Pereira de Carvalho)
Padrinho
Luiz Gomes de Araújo (“crioulo” livre) e Marcelina Gomes. Ambos solteiros.
Não
consta.
Apenas
párvula.
·*Batizou
Vigário José Antônio Lima;
**
Batizou Padre Batholomea Alves de Almeida;
***
Batizou Padre Joaquim Antônio Leitão;
****
Batizada em casa em perigo de vida por José Vicente Torres (branco e casado),
“proprietário” da genitora;
Li que essa semana o Presidente do STF, Min. Edson Fachin, veio à Paraíba e se reuniu com representantes do TJPB para tratarem das condições dos presídios aqui. Fala-se na mídia local em um "Habite-se" para os presídios. O Ministro também foi levado a um presídio masculino da capital. Mas e as presas? Por que mulheres presas são invisibilizadas? Sobre a Penitenciária de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão há uma omissão do MPPB, TJPB, OAB-PB, e logicamente do Governo do Estado em punir os torturadores daquele ergástulo. É mais interessante criminalizar quem denuncia as torturas. Por que não levaram o Ministro ao Inferno Bom Pastor? Há mais de uma década o Presídio é dirigido por uma torturadora que protegeu os agentes torturadores que assassinaram Adriana de Paiva Rodrigues, que provocaram abortos em outras, cometeram racismo, espancaram, xingaram etc várias presas. Por que essa ilusão que mulheres não são capazes de torturarem mulheres? As torturas no Júlia Maranhão (Inferno Bom Pastor) seguem invisíveis. Não há interesse no Judiciário paraibano em reconhecer que foi enganado pelo Castelo de Bonecas para encobrir torturas, não há interesse em se indispor com o Comando da Polícia Militar que tem ligações com a Direção do presídio feminino da capital, não há interesse do Judiciário paraibano em reconhecer a omissão de membros. Preferem acreditar que o Estado torturador fez uma sindicância séria, mesmo sendo o violador, que enterrou uma presa assassinada após mais uma sessão de tortura sem certidão de óbito, mas que o Estado afirma que se suicidou. Eu gostaria muito de ser ouvida sobre tudo isso.
A expressão unicórnios azuis é uma metáfora inspirada na bela e triste canção "Mi Unicornio Azul" de autoria do compositor cubano Silvio Rodrigues e imortalizada na voz da cantora argentina Mercedes Sosa.
No Brasil, segundo a ONG Desaparecidos do Brasil (https://desaparecidosdobrasil.org/pessoas-desaparecidas/) há uma estimativa de mais de 50 mil crianças desaparecidas no país pelas causas violentas mais diversas:
"Sempre ouvimos falar que a estimativa do Governo Federal são 50 mil
crianças desaparecidas todo ano, mas sabemos que o número é muito maior
porque não há registros oficiais de todos os casos e isto ocorre devido à
falta de informação sobre o assunto. Não existem campanhas
esclarecedoras que ensinem os pais como agir no momento em que o seu
filho desaparece, e esta falta de conhecimento piora ainda mais a
recuperação da criança num tempo hábil.
Por que desaparecem?
A maior incidência de desaparecimentos ocorre devido ao tráfico de
crianças por quadrilhas que atuam em território nacional e
internacional, aliciam ou sequestram crianças para fins de venda de
órgãos, trabalho escravo infantil, prostituição infantil e adoção
ilegal.
Temos além dessas outras causas, são elas: crimes de
pedofilia (estupro, a grande maioria com morte). Fuga de casa devido
maus tratos dos responsáveis; Prostituição infantil; Mendicância;
Dependência química; e outros."
Site https://desaparecidosdobrasil.org/
Nesse sentido, foi apresentado o Projeto de Lei nº 9.348/2017, de autoria do Deputado Federal Delegado Francischini (SD-PR) que tinha como proposta acrescentar um parágrafo 3º ao ECA, para comunicar imediatamente o desaparecimento de crianças e adolescentes às empresas de telefonia e redes sociais, senão vejamos:
"O Congresso Nacional decreta: Art. 1º O art. 208 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3o: “Art. 208............................................................................. .......................................................................................... § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desaparecido. § 3o A notificação de que trata o § 2o deverá ser repassada também: I – para as empresas de telefonia, via serviços de mensagens – SMS, que enviarão alerta imediato e gratuito para os usuários da região do desaparecimento, contendo informações disponíveis do desaparecido; II – para os sites de redes sociais, via publicação.
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação"
Na Justificativa do referido projeto, o Deputado Francischini informava que aproximadamente 200 mil pessoas desapareciam anualmente no Brasil. Ainda, o referido PL buscava alterar o ECA para determinar ALERTA IMEDIATO em caso de desaparecimento de crianças e adolescentes pelo sistema de Alerta Amber, senão vejamos:
"Acrescenta dispositivo à Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para determinar ALERTA IMEDIATO em caso de desaparecimento de criança ou adolescente pelas empresas de telefonia e sites de redes sociais (Âmber Brasileiro)
(...) JUSTIFICAÇÃO O presente projeto tem como objetivo alterar o Estatuto da Criança e Adolescente, a fim de ajudar as famílias das pessoas desaparecidas a acharem seus parentes, com o uso das tecnologias do cotidiano. A iniciativa se baseia no modelo norte-americano conhecido como Alerta AMBER (America's Missing: Broadcast Emergency Response) ou Transmissão de Emergência para Americanos Desaparecidos. Em razão do desparecimento da menina Amber Hagerman, uma criança de 9 anos raptada e assassinada em Arlington, Texas, em 1996. O Amber Alert é um alerta no telefone celular, rádio, TV e outros meios de comunicação quando se acredita que uma criança ou jovem menor de 18 anos foi raptado. Em 2012, o Google se juntou ao time e também retransmite o Amber Alert para os usuários em tempo real."
O Projeto de Lei nº 9.348/2017 foi aprovado com substitutivo do Deputado Federal Kim Kataguiri (União-SP), e acrescentou sugestão de nova redação também no Estatuto da Pessoa Idosa e no Estatuto da Pessoa com Deficiência.
"CÂMARA DOS DEPUTADOS Altera as Leis nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto da Pessoa Idosa), 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiéncia), e 13.812, de 16 de março de 2019, para estabelecer a obrigatoriedade de alerta imediato em caso de desaparecimento de criança, de adolescente, de pessoa idosa e de pessoa com deficiência, denominado Alerta Pri."
Desde 17.07.2025 o referido Projeto de Lei foi encaminhado para o Senado Federal. Vamos acompanhar o andamento e voltar a tratar do tema dos "Unicórnios Azuis" brasileiros.