CARTA ABERTA AO ADMINISTRADOR APOSTÓLICO NA
ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA
DOM GENIVAL SARAIVA DE FRANÇA
A Vossa Excelência
Reverendíssima,
Meu nome é Laura, resido na cidade de João Pessoa, estado
da Paraíba, desde janeiro de 1993. Tenho atualmente 37 anos, advogo e leciono
em universidades locais. Venho à
presença de Vossa Excelência por meio desta carta para dizer sobre coisas que
testemunhei ao longo da minha vida nesta cidade e outras das quais tomei
conhecimento. Venho falar também na condição de espectadora dos últimos
acontecimentos ocorridos na Igreja Católica em especial na Arquidiocese da
Paraíba. Refiro-me ao martírio do Arcebispo Emérito Dom Aldo di Cillo Pagotto
que não teve fim ainda, porque a Igreja Católica Apostólica Romana agiu como
Cronos (Saturno) que devora seus próprios filhos, empurrando na lama o nome daquele que
desde moço serviu e jurou fidelidade à Santa Igreja, estando hoje mundialmente
seu nome maculado, como forma dessa mesma Igreja mostrar serviço para um mundo
ávido de espetáculos degradantes às custas de outrem. Continuamos mais pagãos e
romanos do que antes. Continuamos também tão medievos e tão torturadores da
alma alheia como a Igreja Católica que mandou queimar pessoas para que
carniceiros loucos por bens de suas vítimas pudessem enriquecer com o apoio da
religião católica com base em falsas acusações, para que depois essa mesma
Igreja alçasse suas vítimas à posição de santas. A Igreja Católica na sua
essência e no seu comportamento manteve-se a mesma. A mesma que aponta, a mesma
que não escuta e que queima pessoas na mídia, na internet, que não exerce o
contraditório, que mata o nome daqueles que lhe foram fiéis em troca de novos
simpatizantes pelo mundo, em terras que há muito a Igreja era escorraçada, terras
essas que adotam inclusive posturas ditatoriais de não permitirem que as
pessoas pensem por si mesmas ou escolham seu presidente, como o caso de Cuba,
uma monarquia oficiosa em que um ditador escolhe seu sucessor. Essa Igreja atual, tão marqueteira, mas tão
contraditória, a Igreja de nova cara, a Igreja aberta que não condena mais a
homossexualidade, mas não avança, fazendo uma meia-sola e um discurso meia-boca
em dizer que respeita, mas que também não fala abertamente que não casa casais
homoafetivos. A mesma Igreja que pede perdão aos índios, mas não luta para que
lhe sejam devolvidas as terras, muitas delas ocupadas pela Santa Senhora, a
mesma Igreja que acolhe atualmente a Teologia da Libertação, mas não faz
reforma agrária com suas próprias terras que nada produzem. A mesma Igreja
contraditória que já pediu perdão pela Santa Inquisição, mas que promove uma
inquisição pós-moderna com os seus, porque sabe que no final o importante é o
nome. É o nome que entra para história, seja como um Pontífice aberto, que muda
a cara da Igreja, ainda que com atitudes que no fundo no fundo não venham a
mudar nem dogmas nem os ensinamentos mais caros, nem os sacramentos. O nome que
entra para historia, que uma vez sujo, mata a alma, a autoestima, a autoimagem,
que transforma pessoas antes alegres em mortas-vivas, almas queimadas na
fogueira da inquisição pós-moderna. Eu
vou dar meu testemunho sobre Dom Aldo di Cillo Pagotto. Eu fui crismada em 2005
por ele, quando após revelar ser Rosacruz, o mesmo não fez objeção em me
crismar e me dar o sacramento da sagrada eucaristia. O mesmo Arcebispo nunca me
recusou a Sagrada Eucaristia mesmo sabendo que anos depois me iniciei no
Candomblé. Eu pergunto: que Bispo é esse que faz acepção e discrimina pessoas?
A realidade é diferente da propaganda, da patrulha ideológica realizada por
grupos que querem ascender ao poder temporal
e que por serem pessoas destrutivas agem para destruir o outro porque
não possuem competência moral para subir na vida sem passar por cima de ninguém. Testemunhei muitas homilias de Dom Aldo di
Cillo Pagotto e para mim ficava clara a percepção de mundo que o mesmo tem,
“conservadora”, herdeira de ensinamentos familiares que hoje não encontram nem
espaço ou são incompreensíveis para pessoas que não tiveram uma boa base
doméstica. Dom Aldo di Cillo Pagotto
jamais deixou transparecer as razões pelas quais era perseguido dentro de sua
Igreja sabem o porquê? Uma questão de princípios e de criação doméstica a moda
antiga de quem não quer escandalizar os outros com problemas de casa. Como uma
boa esposa, Dom Aldo teve um péssimo marido que se chama Igreja que expôs seu
nome, como muitos maridos adúlteros que
na falta do que fazer colocam para suas esposas a culpa de seus próprios erros,
dando-lhe nomes baixos para encobrir as
próprias deficiências. Acusaram Dom Aldo
di Cillo Pagotto de encobrir padres pedófilos.
Temos uma projeção séria aí. O grupo de padres apontado como o
responsável pelas difamações contra o Arcebispo é justamente o que no Conselho
de Padres forçou a ordenação de padre que veio mais tarde ser suspenso acusado
de pedofilia e que foi por esse mesmo grupo recebido como reforço contra o
Arcebispo, por mera represália porque Dom Aldo suspendeu-lhe as ordens. Esse
mesmo grupo apresenta líderes que deveriam se questionar o que fazem na Igreja.
Até onde sei tanto na Igreja, como na vida militar, ou ainda, como no
Candomblé, existe uma coisa chamada hierarquia. O que faz uma pessoa nesse meio
se apresenta vários problemas com autoridades sem ao menos ter autocrítica em procurar
tratamento psicológico? Ao invés, transforma a vida das autoridades em inferno.
E essas pessoas têm credibilidade maior na Santa Igreja até transformar a vida
do próximo Bispo em outro inferno se este não quiser fazer vista grossa para os
erros que esse mesmo povo na forma de projeção aponta. Falavam que Dom Aldo
Pagotto era perseguidor. Ora, ele saiu já do comando da Igreja na Paraíba, mas
sabem o que escuto de padres e seminaristas? Que apesar de saberem quem armou
contra Dom Aldo, de serem solidários, não podem se manifestar porque temem
represálias e perseguições do grupo de padres responsável pelo calvário de Dom
Aldo. Ora? Como assim? Não era Dom Aldo quem perseguia? Dom Aldo também foi
vitima de uma patrulha ideológica nojenta. Apesar de ter minhas opiniões
políticas que diferem do nosso Arcebispo Emérito, vou defender sempre o direito
do mesmo discordar de mim e de discordar de quem quer seja, porque liberdade é
isso. Eu estou tão tranquila e aberta a novas ideias, que não me incomodo com
pessoas que não concordam comigo. Somente aqueles que não podem vencer pelo
convencimento, argumento e persuasão adotam posturas como essas, de perseguição
ideológica, que para esquerda foi batizada de patrulha ideológica, mas para
direita apelidamos de discurso de ódio. Pra mim, tudo é ódio. Você matar o nome
de uma pessoa porque ela é diferente, porque ela pensa diferente ou age de
forma a contrariar seus interesses, pra mim essa é a maior prova de ódio. Nem
tudo são flores na Igreja dita libertária na Paraíba e que diz lutar pelo pobre
e oprimido. Esse mesmo grupo formado por padres políticos como o Deputado
Federal Luiz Couto ou ainda pelo Padre Luiz Antônio de Oliveira apontado por
vários padres que temem se identificar por medo de represálias e perseguições
seria o verdadeiro autor da tal carta assinada pela Sra. Mariana José em que
Dom Aldo Pagotto e outros padres são acusados de práticas homossexuais. Segundo
o próprio Arcebispo em documentos assinados e enviados para autoridades
católicas, esse mesmo padre que lidera o grupo estaria envolvido em desfalques
financeiros e eu pergunto: quais providências foram tomadas pela Igreja para
investigar o referido padre? Quais providências estão sendo tomadas para que
padres e leigos venham perante a Igreja servir de testemunhas acerca de tais
práticas sem serem perseguidos e retaliados? Eu questiono ainda, qual o partido
político da Igreja e da CNBB? Não deveria ser nenhum. Jesus Cristo andava na
casa de todos, ricos e pobres, não pregava divisões e muito menos lutas de
classes. Eu questiono onde está Cristo nisso tudo. Um monte de homens que
compõe a Igreja e dão esse espetáculo degradante? Sim, realmente nós mulheres
que somos rivais, sim, realmente mulheres que somos inimigas das outras... Em
algum momento então para sermos assim tivemos bons professores que foram os
homens. Onde está o Cristo Vivo no meio de tanta hipocrisia, mas que anda
pendurado nos pescoços de falsos profetas? Outra coisa que percebi: uma das
pessoas que afirma ter sido assediada pelo Arcebispo tem um jeito afeminado.
Nada contra, até porque pra mim tanto faz se a pessoa é azul ou verde. Mas
existe um ponto que não foi considerado pelos sábios doutores da Igreja que
tudo sabem tudo julgam, mas, pouco escutam... Assim como algumas mulheres que
sofrem de erotomania (um tipo de esquizofrenia) ou Síndrome de Clérambault,
existem alguns casos também percebidos em homens com tendências homossexuais de
acreditarem realmente que homens de posição social elevada estejam deles
enamorados dentre outras coisas. Geralmente fazem acusações falsas contra essas
pessoas ou ainda idealizam situações falsas, criando problemas sérios para
aqueles que na verdade são suas vítimas. Pessoas que precisam de tratamento e
que são capazes de imputar crimes sexuais a outras. Outro testemunho que quero dar é da minha
experiência enquanto Conselheira Estadual de Direitos Humanos da Paraíba no
período de 2012-2015. Em 2013 fiz várias denúncias peticionando para
autoridades para que tomassem providências contra a tortura de mulheres
apenadas na Penitenciária Feminina Maria Julia Maranhão. Advinha, Vossa
Excelência Reverendíssima, a quem eram ligadas as pessoas integrantes daquele
Conselho que tentaram sabotar meu trabalho, desestabilizando minha iniciativa
de levar adiante as denúncias, trabalhando contra, tentando mudar até o
regimento interno, para em caso de vacância do cargo de Presidente e
Vice-Presidente daquele conselho, eu na condição de 1ª Secretária não viesse a
assumir? As pessoas ligadas ao Deputado Federal Padre Luiz Couto, para que as
denúncias não viessem a respingar no governo estadual por ele apoiado. Que
Direitos Humanos são esses? Seletivo, partidário e marqueteiro. Cansada da mesma ladainha de toda eleição de
ter que eleger deputado para este não morrer na mão de grupos denunciados. Denuncio
quem explode bancos, grupos de extermínio, torturadores de apenados e apenadas,
coisa pesada e estou aqui, sem segurança da Polícia Federal, levando a minha
vida e sem imprensa paga com o dinheiro público estadual (a mesma que ajudou a
acabar com a imagem de Dom Aldo Pagotto) para divulgar as nossas denuncias. Espero que Vossa Excelência Reverendíssima não
se demore na posição que ocupa atualmente, ainda que de forma provisória, para
não ser vítima de complôs e rasteiras de grupos que venham a ser desagradados e
que saia escorraçado com falsas acusações. Desejo ao senhor uma sorte melhor
que a de Dom Aldo e que investigue o grupo de padres responsáveis por destruir
o próprio nome e o serviço da Igreja. Como dizia Dom Aldo Pagotto: “Igreja
dividida é Igreja fracassada”.
Cordialmente,