quarta-feira, 5 de novembro de 2025

"ATUALIZAÇÃO" DO PAPIRO ERÓTICO DE TURIM: A IMPORTUNAÇÃO SEXUAL CONTRA A PRESIDENTE DO MÉXICO



 "ATUALIZAÇÃO" DO PAPIRO ERÓTICO DE TURIM: A IMPORTUNAÇÃO SEXUAL CONTRA A PRESIDENTE DO MÉXICO



O Canal History Discovery apresentou há alguns anos um documentário sobre o Papiro “Erótico” de Turim, encontrado no Egito e que data de mais de um milênio antes de Cristo. Além de tratar da sexualidade no Antigo Egito e de estética feminina, o referido documentário trouxe grafites da época que demonstram a forma de protesto contra dirigentes mulheres por meio de desenhos pornográficos. Do Egito Antigo para os dias atuais nada mudou, não é verdade? Basta gravarmos a misoginia pornográfica sofrida pela ex-presidente Dilma Roussef que às vésperas de seu impeachment foi alvo de piadas por meio de adesivos pornográficos colados às tampas dos tanques de combustível dos carros, em que a imagem da ex-presidente era reproduzida com as pernas abertas.


Mostrando que a misoginia e ofensas de cunho sexual e até mesmo podendo chegar à violência sexual de fato por ocuparmos espaços públicos de poder, saiu na imprensa que a Presidente do México,   Claudia Sheinbaum, foi vítima de importunação sexual enquanto cumprimentava eleitores na Cidade do México. Um homem chamado Uriel Rivera, que já foi preso, tocou seus seios e corpo de forma obscena, além de tentar beijá-la. O que chama a atenção na notícia do Metrópoles é que "manteve a calma, tratou o homem com gentileza e até aceitou tirar uma foto com ele". E se tivesse rodado a mão na cara do sujeito estaria errada? Porque parece que além da violência devemos manter o autocontrole em nome da liturgia do cargo, como se homens passassem por isso.


Laura Berquó

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

MÉRIMÉE, DONIZETTI E POMBAGIRAS

 




MÉRIMÉE, DONIZETTI E POMBAGIRAS 


''Moço, eu já cansei de lhe dizer que mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer. Você ainda vai bater no meu portão, a toda hora implorando o meu perdão, mas eu não posso aceitar de coração, porque mulher tem que ter opinião", esta estrofe é um ponto para Pombagiras cantado em terreiros de Umbanda e aqui na Paraíba em terreiros de Candomblé que iniciaram os cultos afro -brasileiros a partir da Umbanda e da Jurema Sagrada, sendo difícil as casas de Candomblé na Paraíba não possuírem suas festas para Pombagira ou não manterem a sua Jurema de chão. Mas quem são as temidas Pombagiras para os não-adeptos, porém amadas e admiradas por umbandistas e candomblecistas? A Pombagira é um espírito de mulher, é antes de mais nada um espírito desencarnado que através de um/a médium incorpora para poder através de seus conselhos e apoio espiritual ajudar aos encarnados em diversas questões: amorosas, trabalho, saúde, etc, etc. Com certeza, somente nos terreiros de Umbanda acharam o solo fértil para que pudessem prestar o seu serviço solidário às diversas pessoas sem os preconceitos inerentes à visão espírita kardecista. Esta sofreu a influência das religiões abrâamicas sobre a sexualidade feminina. Os adeptos da Umbanda recorrem às mulheres que em vida tiveram suas existências traçadas por um estilo de vida, em sua maioria, reprovável socialmente. Muitas foram: cortesãs, prostitutas, amantes e se retrocedermos à Grécia Antiga, foram hetairai, e em outras civilizações Prostitutas Sagradas. Também foram queimadas pela fogueira da Santa Inquisição ou perseguidas como bruxas. A Moça mais famosa no Brasil (e países vizinhos como Argentina) e que comanda as legiões de Pombagiras no astral, é sem dúvida Dona Maria Padilha. Seu nome original é espanhol Maria Del Padilha, de origem incerta, espanhola cigana quem sabe, mas que conquistou em idos do século XIV o coração de um príncipe, causando horror por sua ousadia, magias, etc. Dona Maria Padilha é citada na obra 'Carmem' de Prosper Merimée, datada do século XIX e que inspirou a ópera famosa de outro francês, George Bizet. Faz referência à célebre entidade, quando narra que a cigana Carmem orava e pedia ao espírito da então cigana de Maria del Padilha proteção e ajuda para resolução de problemas. Trata-se da mesma entidade. Logo, tudo indica que Maria Padilha não é lenda, mas foi antes de tudo uma realidade. Na Ópera podemos ver a dedicação à figura histórica de Dona Maria Del Padilla, através da composição de Gaetano Donizetti com libreto de Gaetano Rossi, obra do século XIX. Tanto Bizet, como Merimée, assim como Donizetti e Rossi pertencem ao período do romantismo onde há a exaltação de figuras femininas do período da Baixa Idade Média. Laroyê, Dona Maria Padilha do Cabaré!

Laura Berquó

Obs.: esse artigo já foi várias vezes republicados em veículos diversos

SOBRE A SÍNDROME DE SENHORITA MORELLO


 Print do site Mundo Negro acima @sitemundonegro 


Uma coisa que aprendi com movimentos sociais e grupos de estudos  é que nós pessoas brancas ou lidas socialmente como brancas não devemos ser os "brancos salvadores"... Esse comportamento em pessoas brancas recebe o nome de Síndrome de Senhorita Morello. Na verdade, é uma usurpação do lugar de fala e de protagonismo de pessoas negras, que ascendem pelos próprios esforços e cujas conquistas são atribuídas aos brancos salvadores.

Laura Berquó

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

ENTRE O DIABO E A TORRE: POR QUE TENTAM NOS SILENCIAR E INTERROMPER?

 



ENTRE O DIABO E A TORRE: POR QUE TENTAM NOS SILENCIAR E INTERROMPER?

Hoje reclamei estar sofrendo manterrupting em um grupo de advogados, onde sofri injúrias por cincunlóquios, tentativa de invisibilização das minhas postagens por uma advogada que tem o habito de postar em seguida a mim, de forma frenética, para que minha fala sempre suma nos grupos, bem como ainda tenho que lidar com os que se prestam a me perseguir por delegação de assediadores. Sim, falo de advogados e advogadas. No patriarcado de saias, algumas mulheres se iludem achando que estão rompendo padrões, quando se prestam a fazer o que homens costumam fazer: interromper, tentar intimidar, silenciar, excluir de espaços públicos mulheres que não aceitam ser subjugadas. Mulheres que estão colocadas entre os arcanos de O Diabo e de A Torre por perverterem a ordem imposta. Mulheres subvertem a ordem quando não se calam. E o bullying institucional, que é proprio de ambientes onde ocorrem assédios morais, tenta colocar mulheres que denunciam como as erradas. Nada mais arcaico em homens que não entenderam que nós mulheres não nos limitamos às nossas vaginas e que elas estão ao nosso serviço e não para sermos reduzidas ao nada por homens que se sentem ameaçados por mulheres fora do script. Sobre mulheres que odeiam mulheres, não vejo diferença delas para os homens, pois na prática são feministas liberais, que querem que aguentemos caladas e silenciadas em nome do bom nome da entidade, família e etc. O que posso dizer: melhorem! Aguardando o tempo em que A Roda da Fortuna gire. Na planície, muito roedor se esconde.

Laura Berquó

AINDA SOBRE O ASSÉDIO MORAL E AS INDIRETAS CONTRA AS PERSEGUIDAS

 



COMO FUNCIONA O MUNDO DOS HOMENS E MULHERES QUE GOSTAM DE PERSEGUIR MULHERES.

Até outro dia, eu era cantada por um dos colegas casados que está ajudando a me perseguir e tentando me silenciar. Não posso falar para os meus pares em espaços institucionais, porque sou "persona non grata" em ter reagido em defesa de uma colega também perseguida.  Hoje sou execrada, pasmem: porque não quero colaborar com a minha autoexterminação em espaços associativos. Sim, estão perseguindo mulheres em instituição mais que centenária. Nós mulheres advogadas ainda passamos por esse tipo de coisa. Só servimos enquanto não reagimos ou na esperança de uma boa cama. Previsível no mundo machista e patriarcal. A fala que "problemas internos devem ser tratados internamente" merece a seguinte tradução: "nós vamos te perseguir, oprimir, invalidar, mas só fica entre a gentei." . Imagine se a vítima de violência não rompesse o ciclo? Porque pela lógica desses colegas, se você apanha em casa, você deve tratar internamente, na sua casa, com seu agressor.  Pior é pagar uma anuidade mais cara que a da OAB pra ser maltratada e usarem recursos para promoverem indiretas contra as associadas perseguidas.


Laura Berquó

terça-feira, 28 de outubro de 2025

OS INGÊNUOS E NASCIDOS ESCRAVIZADOS NA ANTIGA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES NO ANO DE 1833 – PARTE 5

                   



                 Dando prosseguimento à série sobre os Ingênuos e os Nascidos Escravizados na antiga Paróquia de Nossa Senhora das Neves no ano de 1833, hoje traremos a relação das crianças que nasceram escravizadas e foram batizadas no ano de 1833 na antiga capital da Parahyba.

No ano de 1833 foram batizadas 296 crianças e 1 mulher adulta escravizada. Dessas 297 crianças, já analisamos as que foram vítimas de mortalidade infantil (batizadas em perigo de vida) em artigo anterior da série. No quadro demonstrativo que se seguirá, veremos que novamente repetimos essa informação, porque duas dessas crianças nasceram escravizadas e foram batizadas em perigo de vida por José Vicente Torres, que no caso era o responsável direto pela escravização de duas mulheres negras. Eram as crianças Manoella, 04 meses e Maria, párvula sem idade informada.

No ano de 1833 foram batizadas 27 crianças nascidas escravizadas, sendo as demais consideradas ingênuas, porque ao tempo do nascimento, mesmo no caso de crianças pretas e pardas, as mães não eram mulheres escravizadas ou porque eram brancas.

No caso, se a mãe da criança não fosse escravizada, mas o pai sim, fosse escravizado, a criança era considerada ingênua. Vejamos um caso:

Ignácia, párvula batizada em 24.11.1833, “filha natural do preto Domingo do Rêgo, escravo de “ilegível” com a parda forra Maria Francisca do Rozário.” Foi padrinho Joze do Rego Pavão.

O que justificava no Direito que crianças nascessem na condição de escravizadas e não de ingênuas (crianças nascidas livres)? Até o ano de 1871, o Direito brasileiro com base no Direito Romano, fonte subsidiária do nosso direito civil, adotava o Princípio do Partus Sequitur Ventrem. Como nos explica André Barreto Campello em sua obra “Manual Jurídico da Escravidão: cotidianos da opressão” ao citar o artigo 1º da Lei do Ventre Livre:

“Por este artigo, o princípio do partus sequitur ventrem era rompido. Na lógica do sistema escravista, os filhos nascidos de uma escrava pertenciam ao senhor, obedecendo ao referido odioso princípio romano” (2021, pp.528-529)

Conforme dito anteriormente em outros textos desta série, a antiga Paróquia de Nossa Senhora das Neves batizava pessoas da: capital paraibana, Livramento (Santa Rita), os engenhos de cana-de-açucar de Santa Rita e Ingá. Além de batizar pessoas indígenas do Litoral Norte (Baía da Traição). Somente os livros de batizados a partir de 1833 chegaram aos dias atuais, embora a Paróquia de Nossa Senhora das Neves tenha sido criada ainda no final do século XVI com a fundação da cidade.

Para o sexto texto da série, traremos algumas análises sobre o apelido “Cabra”, sobre a quantidade de mulheres de origem africana que constam do quadro abaixo e o que Direito pode nos esclarecer sobre o fim oficial do tráfico negreiro, sobre a afetividade na escolha das madrinhas e padrinhos, tratando novamente numa perspectiva jurídica.

O primeiro registro de criança escravizada batizada em 1833 foi em 12.02.1833 de Benedita, párvula de 46 dias, parda, batizada pelo Vigário Joaquim Antônio e marques. Era filha natural da mulher escravizada Catharina, preta de Angola, escravizada por João Nepomuceno Borges. Foram padrinhos Antônio da Paz da Cunha  e “ilegível” de Almeida.

Seguem os demais registros:

DATA DO BASTISMO

NOME DA CRIANÇA

GENITORES

PADRINHOS

IDADE

21.02.1833

Manoela*

Filha natural de Anna (escravizada) e José Antônio Lopes

Luiz Francisco dos Santos Lima e Maria Francisca Coelho

 

Não consta. Apenas

párvula

21.02.1833

Domingos **

Filho natural de Joaquina (escravizada) e João José Lopes

João Thomas e Maria do Bonfim

03 meses

03.03.1833

Thimótheo***

Filho legítimo de Vicente “Góvea” (?) e Lourença Maria (ambos escravizados)

Martinho Ribeiro e Maria Joaquina

Não consta.

Apenas

párvulo

18.03.1833

Manoella****

Filha natural de Joana (escravizada por José Vicente Torres)

Batizada em perigo de vida por José Vicente Torres

04 meses

06.04.1833

Lucinda*

Filha natural de Joaquina Cabra (escravizada por Manoel Ramalho de Vasconcellos)

Antônio José Batista

03 meses

26.05.1833

Joze*****

Filho natural de Maria Lima (“mulata” escravizada por Vicente Ferreira de Vasconcellos)

Manoel Pereira de Sant’Anna

(pardo livre e solteiro)

Não consta.

Apenas

párvulo

21.06.1833

João*****

Filho natural de Maria (preta de nação, escravizada por Francisca Vitória do Nascimento Vieira e pelo Capitão Ignácio Ferreira Soares)

Vicente Fernandes de Luna (casado) e Maria do Rosário (solteira e escravizada por Anna da Silva Maciel)

41 dias

23.06.1833

Maria ******

Filha natural de Joaquina “Monteira” (escravizada por Dona Francisca Monteira de Sales)

Joze Gonçalves dos Prazeres

Não consta. Apenas

párvula

30.06.1833

Joanna*****

Filha natural de Maria (negra de nação escravizada por Manoel Francisco de Oliveira e Mello)

Francisco de Salles Pereira de Carvalho (pardo escravizado por Antônio Elias de Carvalho

30 dias

14.07.1833

Lídia******

Filha natural de Sofia (parda escravizada por Lucia Rita Barreto)

Tenente Joze da Rocha (casado)

03 meses

04.08.1833

Laurentino*****

Filha natural da “preta Maria Crioula” (escravizada por Francisco Joze Henriques Junior

Joze Marinho Correia (casado) e Antonia Marcelina da Conceição (solteira)

02 meses e 20 dias

16.05.1833[1]

Galdino*******

Filho natural de Lourença (escravizada pelo Sargento Francisco Monteiro da Franca)

Marco de Mello Moreira Lima

26 dias

11.08.1833

Faustina*****

Filha natural de Luíza (escravizada por Francisco Alves de Souza Carvalho)

José Antonio Alves da Silva Guimarães (solteiro) e “Lirinda” (?) Maria da Conceição (“crioula livre”

02 meses

20.08.1833

Maria *

Filha natural de Mariana (preta escravizada por Joaquim da Silva Guimarães)

Francisco Xavier da Rocha e Elena Francisca (solteira)

15 dias

1º.09.1833

Maria****

Filha natural de Roza Crioula (escravizada por José Vicente Torres)

Batizada em perigo de vida por José Vicente Torres

Não consta.

Apenas párvula.

11.09.1833

Roberto*****

Filho natural de Domingas (preta de nação escravizada por João Nepomuceno Borges)

Damião Antônio Gonçalves de Medeiros

05 meses

15.09.1833

Romana*****

Filha natural da parda Florinda (escravizada de Dona Francisca Romana da Gama e Mello)

Cosme da Gama (pardo livre e casado)

05 meses e 18 dias

22.09.1833

Joze*****

Filho natural de Anna (preta de nação escravizada por Joze Monteiro)

Manoel de Góes e sua esposa Joaquina (ambos pretos livres)

1 mês

29.09.1833

Antonio*******

Filho natural da “preta” Luiza de nação “Mussandi” (?) (escravizada por Francisco Xavier de Abreu)

Manoel Cipriano Ferreira (solteiro)

22 dias

30.09.1833

Joze

Filho legítimo de Marcelino Correia e de Maria Luiza (ambos “crioulos captivos do Senhorio de Engenho Gargaú). Freguesia de Nossa Senhora do Livramento Santa Rita –PB, em virtude da licença do Rev. Vigário daquela freguesia Pe. Mathias Leal de Lemos)

Francisco Xavier da Rocha (solteiro) e Silvéria Francisca Coelho (solteira)

1 mês e 04 dias

13.10.1833

Vicente*****

Filho legítimo de Marcos do Rego e Luiza Antônia de Jesus (“crioulos” escravizados por Caetano Joze de Almeida)

Luiz da Franca Neves e sua esposa Agostinha de Goes (ambos “crioulos” livres)

1 mês

13.10.1833

Joze*****

Filho natural de Maria Crioula (escravizada por Pedro Joze de Gandra)

Francisco Soares “Serino” (?), casado e Mariana Crioula, solteira e escrevizada por Joze Joaquim Gonçalvez

2 meses

27.10.1833

Miguel*****

Filho natural da “preta” Francisca de nação (escravizada por Ignácia Maria do Rozario)

Martinho de Aragão (preto escravizado) e Dona Anna Bandeira de Mello

15 dias

06.11.1833

Feliciano*****

Filho natural da preta Izabel (escravizada por Antonio Joze Aranha)

Antonio Joze da Silva (casado)

1 mês

24.11.1833

Silvana*****

Filha natural de Luiza (escravizada por Joze Antonio Lopes de Albuquerque)

Anna (mulher parda escravizada por Benedito Joze Antonio Lopes de Albuquerque)

Não consta.

Apenas párvula.

29.12.1833

Dionízia*****

Filha natural de Izabel Crioula (escravizada por Nicolao Pereira de Carvalho)

Padrinho Luiz Gomes de Araújo (“crioulo” livre) e Marcelina Gomes. Ambos solteiros.

Não consta.

Apenas párvula.

·             * Batizou Vigário José Antônio Lima;

** Batizou Padre Batholomea Alves de Almeida;

*** Batizou Padre Joaquim Antônio Leitão;

**** Batizada em casa em perigo de vida por José Vicente Torres (branco e casado), “proprietário” da genitora;

***** não anotei o nome do Padre que batizou

****** Batizou o Padre Antônio José de Brito

******* Batizou Padre Antônio Lourenço de Almeida

 



[1] Fora da ordem

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A VINDA DO PRESIDENTE DO STF E A INVISIBILIDADE DAS PRESAS TORTURADAS

 


Li que essa semana o Presidente do STF, Min. Edson Fachin, veio à Paraíba e se reuniu com representantes do TJPB para tratarem das condições dos presídios aqui. Fala-se na mídia local em um "Habite-se" para os presídios. O Ministro também foi levado a um presídio masculino da capital.  Mas e as presas? Por que mulheres presas são invisibilizadas? Sobre a Penitenciária de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão há uma omissão do MPPB, TJPB, OAB-PB, e logicamente do Governo do Estado em punir os torturadores daquele ergástulo. É mais interessante criminalizar quem denuncia as torturas. Por que não levaram o Ministro ao Inferno Bom Pastor? Há mais de uma década o Presídio é dirigido por uma torturadora que protegeu os agentes torturadores que assassinaram Adriana de Paiva Rodrigues, que provocaram abortos em outras, cometeram racismo, espancaram, xingaram etc várias presas. Por que essa ilusão que mulheres não são capazes de torturarem mulheres? As torturas no Júlia Maranhão (Inferno Bom Pastor) seguem invisíveis. Não há interesse no Judiciário paraibano em reconhecer que foi enganado pelo Castelo de Bonecas para encobrir torturas, não há interesse em se indispor com o Comando da Polícia Militar que tem ligações com a Direção do presídio feminino da capital, não há interesse do Judiciário paraibano em reconhecer a omissão de membros. Preferem acreditar que o Estado torturador fez uma sindicância séria, mesmo sendo o violador, que enterrou uma presa assassinada após mais uma sessão de tortura sem certidão de óbito, mas que o Estado afirma que se suicidou. Eu gostaria muito de ser ouvida sobre tudo isso. 

Laura Berquó