quarta-feira, 27 de julho de 2016

CARTA ABERTA AO ADMINISTRADOR APOSTÓLICO DOM GENIVAL SARAIVA DE FRANÇA



CARTA ABERTA AO ADMINISTRADOR APOSTÓLICO NA ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA

DOM GENIVAL SARAIVA DE FRANÇA


João Pessoa, 27 de julho de 2016.



A Vossa Excelência Reverendíssima,







            Meu nome é Laura, resido na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba, desde janeiro de 1993. Tenho atualmente 37 anos, advogo e leciono em universidades locais.  Venho à presença de Vossa Excelência por meio desta carta para dizer sobre coisas que testemunhei ao longo da minha vida nesta cidade e outras das quais tomei conhecimento. Venho falar também na condição de espectadora dos últimos acontecimentos ocorridos na Igreja Católica em especial na Arquidiocese da Paraíba. Refiro-me ao martírio do Arcebispo Emérito Dom Aldo di Cillo Pagotto que não teve fim ainda, porque a Igreja Católica Apostólica Romana agiu como Cronos (Saturno) que devora seus próprios filhos, empurrando na lama o nome daquele que desde moço serviu e jurou fidelidade à Santa Igreja, estando hoje mundialmente seu nome maculado, como forma dessa mesma Igreja mostrar serviço para um mundo ávido de espetáculos degradantes às custas de outrem. Continuamos mais pagãos e romanos do que antes. Continuamos também tão medievos e tão torturadores da alma alheia como a Igreja Católica que mandou queimar pessoas para que carniceiros loucos por bens de suas vítimas pudessem enriquecer com o apoio da religião católica com base em falsas acusações, para que depois essa mesma Igreja alçasse suas vítimas à posição de santas. A Igreja Católica na sua essência e no seu comportamento manteve-se a mesma. A mesma que aponta, a mesma que não escuta e que queima pessoas na mídia, na internet, que não exerce o contraditório, que mata o nome daqueles que lhe foram fiéis em troca de novos simpatizantes pelo mundo, em terras que há muito a Igreja era escorraçada, terras essas que adotam inclusive posturas ditatoriais de não permitirem que as pessoas pensem por si mesmas ou escolham seu presidente, como o caso de Cuba, uma monarquia oficiosa em que um ditador escolhe seu sucessor.  Essa Igreja atual, tão marqueteira, mas tão contraditória, a Igreja de nova cara, a Igreja aberta que não condena mais a homossexualidade, mas não avança, fazendo uma meia-sola e um discurso meia-boca em dizer que respeita, mas que também não fala abertamente que não casa casais homoafetivos. A mesma Igreja que pede perdão aos índios, mas não luta para que lhe sejam devolvidas as terras, muitas delas ocupadas pela Santa Senhora, a mesma Igreja que acolhe atualmente a Teologia da Libertação, mas não faz reforma agrária com suas próprias terras que nada produzem. A mesma Igreja contraditória que já pediu perdão pela Santa Inquisição, mas que promove uma inquisição pós-moderna com os seus, porque sabe que no final o importante é o nome. É o nome que entra para história, seja como um Pontífice aberto, que muda a cara da Igreja, ainda que com atitudes que no fundo no fundo não venham a mudar nem dogmas nem os ensinamentos mais caros, nem os sacramentos. O nome que entra para historia, que uma vez sujo, mata a alma, a autoestima, a autoimagem, que transforma pessoas antes alegres em mortas-vivas, almas queimadas na fogueira da inquisição pós-moderna.  Eu vou dar meu testemunho sobre Dom Aldo di Cillo Pagotto. Eu fui crismada em 2005 por ele, quando após revelar ser Rosacruz, o mesmo não fez objeção em me crismar e me dar o sacramento da sagrada eucaristia. O mesmo Arcebispo nunca me recusou a Sagrada Eucaristia mesmo sabendo que anos depois me iniciei no Candomblé. Eu pergunto: que Bispo é esse que faz acepção e discrimina pessoas? A realidade é diferente da propaganda, da patrulha ideológica realizada por grupos que querem ascender ao poder temporal  e que por serem pessoas destrutivas agem para destruir o outro porque não possuem competência moral para subir na vida sem passar por cima de ninguém.  Testemunhei muitas homilias de Dom Aldo di Cillo Pagotto e para mim ficava clara a percepção de mundo que o mesmo tem, “conservadora”, herdeira de ensinamentos familiares que hoje não encontram nem espaço ou são incompreensíveis para pessoas que não tiveram uma boa base doméstica.  Dom Aldo di Cillo Pagotto jamais deixou transparecer as razões pelas quais era perseguido dentro de sua Igreja sabem o porquê? Uma questão de princípios e de criação doméstica a moda antiga de quem não quer escandalizar os outros com problemas de casa. Como uma boa esposa, Dom Aldo teve um péssimo marido que se chama Igreja que expôs seu nome, como  muitos maridos adúlteros que na falta do que fazer colocam para suas esposas a culpa de seus próprios erros, dando-lhe nomes  baixos para encobrir as próprias deficiências.  Acusaram Dom Aldo di Cillo Pagotto de encobrir padres pedófilos.  Temos uma projeção séria aí. O grupo de padres apontado como o responsável pelas difamações contra o Arcebispo é justamente o que no Conselho de Padres forçou a ordenação de padre que veio mais tarde ser suspenso acusado de pedofilia e que foi por esse mesmo grupo recebido como reforço contra o Arcebispo, por mera represália porque Dom Aldo suspendeu-lhe as ordens. Esse mesmo grupo apresenta líderes que deveriam se questionar o que fazem na Igreja. Até onde sei tanto na Igreja, como na vida militar, ou ainda, como no Candomblé, existe uma coisa chamada hierarquia. O que faz uma pessoa nesse meio se apresenta vários problemas com autoridades sem ao menos ter autocrítica em procurar tratamento psicológico? Ao invés, transforma a vida das autoridades em inferno. E essas pessoas têm credibilidade maior na Santa Igreja até transformar a vida do próximo Bispo em outro inferno se este não quiser fazer vista grossa para os erros que esse mesmo povo na forma de projeção aponta. Falavam que Dom Aldo Pagotto era perseguidor. Ora, ele saiu já do comando da Igreja na Paraíba, mas sabem o que escuto de padres e seminaristas? Que apesar de saberem quem armou contra Dom Aldo, de serem solidários, não podem se manifestar porque temem represálias e perseguições do grupo de padres responsável pelo calvário de Dom Aldo. Ora? Como assim? Não era Dom Aldo quem perseguia? Dom Aldo também foi vitima de uma patrulha ideológica nojenta. Apesar de ter minhas opiniões políticas que diferem do nosso Arcebispo Emérito, vou defender sempre o direito do mesmo discordar de mim e de discordar de quem quer seja, porque liberdade é isso. Eu estou tão tranquila e aberta a novas ideias, que não me incomodo com pessoas que não concordam comigo. Somente aqueles que não podem vencer pelo convencimento, argumento e persuasão adotam posturas como essas, de perseguição ideológica, que para esquerda foi batizada de patrulha ideológica, mas para direita apelidamos de discurso de ódio. Pra mim, tudo é ódio. Você matar o nome de uma pessoa porque ela é diferente, porque ela pensa diferente ou age de forma a contrariar seus interesses, pra mim essa é a maior prova de ódio. Nem tudo são flores na Igreja dita libertária na Paraíba e que diz lutar pelo pobre e oprimido. Esse mesmo grupo formado por padres políticos como o Deputado Federal Luiz Couto ou ainda pelo Padre Luiz Antônio de Oliveira apontado por vários padres que temem se identificar por medo de represálias e perseguições seria o verdadeiro autor da tal carta assinada pela Sra. Mariana José em que Dom Aldo Pagotto e outros padres são acusados de práticas homossexuais. Segundo o próprio Arcebispo em documentos assinados e enviados para autoridades católicas, esse mesmo padre que lidera o grupo estaria envolvido em desfalques financeiros e eu pergunto: quais providências foram tomadas pela Igreja para investigar o referido padre? Quais providências estão sendo tomadas para que padres e leigos venham perante a Igreja servir de testemunhas acerca de tais práticas sem serem perseguidos e retaliados? Eu questiono ainda, qual o partido político da Igreja e da CNBB? Não deveria ser nenhum. Jesus Cristo andava na casa de todos, ricos e pobres, não pregava divisões e muito menos lutas de classes. Eu questiono onde está Cristo nisso tudo. Um monte de homens que compõe a Igreja e dão esse espetáculo degradante? Sim, realmente nós mulheres que somos rivais, sim, realmente mulheres que somos inimigas das outras... Em algum momento então para sermos assim tivemos bons professores que foram os homens. Onde está o Cristo Vivo no meio de tanta hipocrisia, mas que anda pendurado nos pescoços de falsos profetas? Outra coisa que percebi: uma das pessoas que afirma ter sido assediada pelo Arcebispo tem um jeito afeminado. Nada contra, até porque pra mim tanto faz se a pessoa é azul ou verde. Mas existe um ponto que não foi considerado pelos sábios doutores da Igreja que tudo sabem tudo julgam, mas, pouco escutam... Assim como algumas mulheres que sofrem de erotomania (um tipo de esquizofrenia) ou Síndrome de Clérambault, existem alguns casos também percebidos em homens com tendências homossexuais de acreditarem realmente que homens de posição social elevada estejam deles enamorados dentre outras coisas. Geralmente fazem acusações falsas contra essas pessoas ou ainda idealizam situações falsas, criando problemas sérios para aqueles que na verdade são suas vítimas. Pessoas que precisam de tratamento e que são capazes de imputar crimes sexuais a outras.  Outro testemunho que quero dar é da minha experiência enquanto Conselheira Estadual de Direitos Humanos da Paraíba no período de 2012-2015. Em 2013 fiz várias denúncias peticionando para autoridades para que tomassem providências contra a tortura de mulheres apenadas na Penitenciária Feminina Maria Julia Maranhão. Advinha, Vossa Excelência Reverendíssima, a quem eram ligadas as pessoas integrantes daquele Conselho que tentaram sabotar meu trabalho, desestabilizando minha iniciativa de levar adiante as denúncias, trabalhando contra, tentando mudar até o regimento interno, para em caso de vacância do cargo de Presidente e Vice-Presidente daquele conselho, eu na condição de 1ª Secretária não viesse a assumir? As pessoas ligadas ao Deputado Federal Padre Luiz Couto, para que as denúncias não viessem a respingar no governo estadual por ele apoiado. Que Direitos Humanos são esses? Seletivo, partidário e marqueteiro.  Cansada da mesma ladainha de toda eleição de ter que eleger deputado para este não morrer na mão de grupos denunciados. Denuncio quem explode bancos, grupos de extermínio, torturadores de apenados e apenadas, coisa pesada e estou aqui, sem segurança da Polícia Federal, levando a minha vida e sem imprensa paga com o dinheiro público estadual (a mesma que ajudou a acabar com a imagem de Dom Aldo Pagotto) para divulgar as nossas denuncias.  Espero que Vossa Excelência Reverendíssima não se demore na posição que ocupa atualmente, ainda que de forma provisória, para não ser vítima de complôs e rasteiras de grupos que venham a ser desagradados e que saia escorraçado com falsas acusações. Desejo ao senhor uma sorte melhor que a de Dom Aldo e que investigue o grupo de padres responsáveis por destruir o próprio nome e o serviço da Igreja. Como dizia Dom Aldo Pagotto: “Igreja dividida é Igreja fracassada”.



Cordialmente,


Laura Berquó

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