sexta-feira, 3 de junho de 2016

CARTA DA MILITANTE SOCORRO BORGES SOBRE A LUTA CONTRA A CULTURA DO ESTUPRO

Maria do Socorro Borges
"CARTA DE AGRADECIMENTO À POPULAÇÃO DE JOÃO PESSOA PELO APOIO AO ATO: POR MIM, POR NÓS, POR TODAS ELAS,
LUTAMOS PELO FIM DA CULTURA DO ESTUPRO

O dia 1 de junho de 2016 foi marcado em todo o território nacional como o dia D contra a cultura do estupro. João Pessoa também foi palco desta ação, que levou o movimento feminista e de mulheres, a denunciar esta cultura e as violações e crimes, exigindo do estado brasileiro que os agressores sejam punidos e devidamente responsabilizados conforme a legislação brasileira.
O Ato em João Pessoa foi marcado pela unidade e diversidade do movimento de mulheres e do feminismo, mas também contou com a participação de mulheres do poder público, conselhos, partidos políticos, das universidades, de parlamentares, de sindicatos e pela participação de mulheres e homens que não estão engajados/as em movimentos, mas que se juntaram por discordar da cultura do estupro e da violência contra as mulheres.
O Ato foi uma manifestação de solidariedade, respeito e fortalecimento das mulheres, com expressões criativas: poesia, cantigas, músicas, batucada, performance e falas de ativistas dos vários movimentos e instituições presentes, que exaltaram as várias dimensões das dinâmicas, éticas, conteúdos e místicas das mulheres. Nossa dor e nossa indignação também se expressou através das nossas mãos tingidas de tinta guache e batom em um monumento que clama por AMOR. Amar a cidade de João Pessoa não será possível sem amor às mulheres.
Diante desta realidade de violação aos direitos das mulheres, nos causa estranhamento e dor que parte da mídia e da população, mesmo que pequena, repercuta o Ato não a partir do seu objetivo maior mas sim reproduzindo atitudes da cultura do estupro tais como: julgamento, culpabilizacão, criminalização, condenação e punição das mulheres, atitudes estas baseadas em argumentos insustentáveis que naturalizam os crimes de estupro, inocentam e deixam impunes os agressores.
Quando esta cultura é reproduzida, nega-se que o estupro enfraquece, despreza, destrói as mulheres, edifica medo e desespero; reproduz relações desiguais de poder entre os gêneros; reitera o ódio e a tortura, aplaude a violência e persegue as mulheres. Para contrariar essas atitudes, convidamos as pessoas sensíveis e defensoras do patrimônio público, para se juntarem a nós, mulheres, contra uma violência muito maior, que é a violência do estupro.
Reafirmamos que nós mulheres temos o direito de ir e vir; temos direito ao nosso corpo, direito de viver com liberdade! Somos todas Beatriz! Somos todas mulheres de Queimadas! Somos todas vítimas da cultura de estupro! A nossa resistência é o que nos mantém vivas e lutando, até que todas sejamos livres! 
É chegada a hora de dizer basta! Não se cale!"

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