POR RUBENS NÓBREGA EM 12.08.2016
"TCE apura denúncia de fraude no processo do Jampa
O
Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidiu abrir sindicância para
apurar denúncia de fraude no processo sobre o Jampa Digital, que por lá
se arrasta desde 2012. A fraude teria favorecido o advogado Gilberto
Carneiro, procurador-geral do Estado. Ele é um dos implicados no
escândalo que envolve o projeto de R$ 43 milhões, dinheiro com o qual a
Prefeitura de João Pessoa, sob gestão Ricardo Coutinho (2005-2010),
prometia instalar Internet grátis sem fio nas ruas da cidade.
A
sindicância foi instaurada pela presidência do Tribunal através da
Portaria TC nº 127/2016 (veja reprodução acima), com base em pedido
apresentado pelos cidadãos Ricardo Figueirêdo de Moraes e Inês Ernesto
do Rêgo Moraes, pais de Bruno Ernesto, assassinado em João Pessoa
fevereiro de 2012, quando era Diretor de Informática da Prefeitura da
Capital e se aprofundava na investigação sobre os motivos de o Jampa
Digital não ter sido implementado pela gestão anterior da Prefeitura da
Capital.
Em requerimento à Corregedoria do TCE, datado do dia 20
de julho último, os pais de Bruno Ernesto mostram que Gilberto Carneiro
foi notificado para apresentar defesa em 6 de outubro de 2015 através
dos Correios, com Aviso de Recepção (AR), mas somente o fez no dia 25 de
maio passado, ou seja, oito meses depois. O prazo normal para tanto é
de 15 dias e foi observado por todos os demais que receberam a mesma
notificação.
Gilberto Carneiro responde a esse processo porque foi
ele quem comandou a licitação do Jampa Digital quando era secretário de
Administração da PMJP em 2009. Sobre o fato de não ter se defendido no
prazo estipulado para os outros na mesma situação, ele alega que não
recebeu a notificação expedida pelo Tribunal. Mas Ricardo e Inês teriam
comprovado junto aos Correios que o hoje procurador-geral do Estado não
apenas teria sido notificado como assinou o AR que acompanhava o
documento.
A sindicância deve apurar porque aquele AR não foi
anexado aos autos ou se o foi e posteriormente sofreu o que os advogados
chamam de ‘desentranhamento’ não autorizado. Há no processo, contudo,
uma ‘Certidão Técnica’ (também reproduzida, abaixo) informando que a
citação postal de Gilberto Carneiro foi efetuada, mas a comprovação (o
AR) jamais retornou ao Tribunal.
O Jampa Digital, segundo apurou a
Polícia Federal, teve recursos desviados para a campanha de Ricardo
Coutinho a governador em 2010. Do caso brotaram suspeitas e indícios de
corrupção envolvendo verbas federais transferidas pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia. As investigações policiais decorreram de apuração
iniciada pelo Ministério Público Federal (MPF).
O processo
impulsionado pelos procuradores da República encontra-se há dois anos
parado no Supremo Tribunal Federal (STF), porque os deputados federais
Aguinaldo Ribeiro (PP) e Rômulo Gouveia (PSD) também foram arrolados
como beneficiários dos desvios no Jampa Digital.
Aguinaldo porque
era secretário de Ciência e Tecnologia de Ricardo, quando da licitação
do projeto, que contou com emenda ao Orçamento da União, de autoria de
Rômulo para ampliar os recursos destinados à Prefeitura de João Pessoa,
tendo como objetivo oferecer, além de Internet grátis em via pública,
vigilância eletrônica de última geração em diversos espaços abertos da
cidade."
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