PREZAD@S, APENAS PARA ESCLARECIMENTO, PORQUE ANDAM ME QUEIMANDO NA UFPB. PENSE NUMA PANELA DE DESOCUPADOS. PRIMEIRAMENTE CARTA ENDEREÇADA AO PREFEITO CONSTITUCIONAL DE ALHANDRA EM 2013. ISSO PORQUE AGORA ESTÃO DIZENDO QUE NÃO FIZ NADA PELO TOMBAMENTO DO TEMPLO DE MESTRE JARDECILHA. O QUE IMPEDE NA CONSTRUÇÃO DO DIÁLOGO INTERRELIGIOSO NO ESTADO DA PARAÍBA ANTES DE TUDO É A GUERRA DE VAIDADES:
"CARTA ABERTA AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR PREFEITO CONSTITUCIONAL DO MUNICÍPIO DE ALHANDRA – PB (marcelo.prefeito@alhandra.pb. gov.br; mizaellmr@gmail.com)
A Comissão de Promoção da Igualdade Racial e da Diversidade Religiosa da OAB/PB vem por meio desta solicitar a V. Exa., que na condição de representante do executivo Municipal, eleito democraticamente para representar a tod@s @s alhandrenses, que n...esta condição também seja o defensor natural da cultura expressa pela religiosidade que se faz presente em cada parte daquela que deveria ser chamada de Capital da Jurema Sagrada.
Há algum tempo, o IPHAEP cuida de processo de tombamento do sítio onde a Mestre Maria do Acais (Sra. Maria Gonçalves de Barros), nasceu e se dedicou ao culto da Jurema Sagrada. Desde a década de 1970, a Federação dos Cultos Africanos do Estado da Paraíba vem lutando para o reconhecimento do município de Alhandra como Cidade Sagrada da Jurema. Segundo publicação de 1977 (Umbanda no Lar), o então Presidente da Federação dos Cultos Africanos do Estado da Paraíba, o Babalorixá Carlos Leal Rodrigues, informava que pelo menos havia 42 mestres da Jurema Sagrada enterrados em solo alhandrense protegidos por pés-de-Jurema plantados em intenção a eles e que serviram durante toda a década de 1920 até a autorização para os cultos afro-brasileiros na Paraíba, em 1966, de proteção para que esses corpos não fossem vilipendiados, vítimas da repressão policial da época que não via com bons olhos o culto da Jurema Sagrada.
O texto de 1977, elaborado pelo jornalista Marcone Cabral em entrevista feita ao referido Babalorixá, ainda menciona o fato de que um pé-de-Jurema pode viver mais de 200 anos e é uma árvore tipicamente nordestina, da nossa zona da Mata e que em Alhandra viveram e foram enterrados nomes que hoje povoam o imaginário e a crença de pessoas adeptas tanto da Jurema como da Umbanda, como por exemplo, Sr. José de Aguiar, nascido em 1813 e que viveu aproximadamente 114 anos, mais conhecido como “Zé Pilintra”, bem como viveu o Sr. José Vicente, conhecido como “Maluguinho”. Sem citarmos ainda Mestre Maria do Acais, morta em 1937, Mestre Tertuliano, Mestre Joana Pé de Chita, etc.
Recentemente essa Comissão ingressou com pedido de tombamento do Templo Espírita Mestre Jardecilha, também em Alhandra. A Comissão agora se coloca à disposição daqueles que pretendem também pedir o tombamento do Templo de Mãe Rita, falecida mestre juremeira e umbandista, que hoje, após a morte de Mãe Judite (responsável pelo local após a morte de Mãe Rita), encontra-se em vias de ser totalmente destruído, incluindo-se os assentamentos firmados. É uma perda muito grande para Alhandra a descaracterização da história do município a partir de atos praticados por pessoas que não respeitam a religiosidade, colocando o direito a herança sobre o interesse coletivo. Por essa razão, ressalto que o município de Alhandra dispõe de meios para resolver o problema, como o pedido de tombamento e incentivo à discussão sobre diversidade religiosa.
O pedido de tombamento pode ser requerido por quaisquer pessoas. Com base na Lei Estadual n.º 9.040/2009, assim como os bens materiais, os bens culturais imateriais também podem ser tombados. Tanto o templo, os pés-de-jurema preta e toda a espiritualidade, toda essa carga cultural encontra arrimo na lei citada para sua proteção. Por que a Prefeitura Municipal de Alhandra ou o Prefeito Constitucional desse município na condição de cidadão, não o faz? Ou até mesmo a desapropriação da área, não para incentivo de uma fé específica, o que iria ferir o Estado laico, mas para preservação da herança cultural do município, criando-se vários sítios e espaços que serviriam para manter viva a memória e incentivar a discussão em torno da cultura afro-ameríndia, da diversidade e igualdade religiosa.
Vimos que até hoje nenhum dos gestores municipais em Alhandra se ocuparam e se preocuparam com essa herança cultural deixada por índios e negros, que perdura até hoje em diversos municípios do litoral sul paraibano. Vejam o caso da Praia de Tambaba no município do Conde, onde @s antig@s juremeir@s, desde o tempo d@s noss@s ancestrais indígenas, muito antes da chegada dos portugueses, acreditavam ser ali um portal espiritual, a sétima cidade espiritual da Jurema Sagrada e até a década de 1970 era um ponto de comemorações e liturgia para os adeptos da Jurema Sagrada em nosso estado.
O potencial turístico do município de Alhandra também poderia ser melhor explorado através de projetos que promovessem o turismo religioso na região. São ideias fáceis de se ter, mas que infelizmente ainda não foram pensadas ou colocadas em prática pelos gestores de Alhandra.
Por essa razão, esta Comissão resolveu dar voz e divulgar a carta escrita por Mestre Joana Juremeira, escrita para o senhor, e se coloca desde já para quaisquer orientações e apoios que por ventura se façam necessários. Solicita ainda, audiência com V. Exa., para discutirmos estas questões, bem como a necessidade de uma cultura de respeito à diversidade religiosa.
“ILMº SR. PREFEITO DE ALHANDRA
MARCELO RODRIGUES
Sendo sabedor(a) que um descaso com nossa tradição e cultura de Alhandra, estou lhe informando e solicitando suas providencias...
1- O senhor deve ter conhecido a Mãe Rita (orô) já falecida que tinha um centro de umbanda e jurema ai na sua cidade, casa essa muito antiga e bem conceituada no Brasil e fora dele, uma referencia da tradição cultural dessa cidade.
2- Com o falecimento de Mãe Rita o terreiro que já era de responsabilidade de mãe Judite, continuou assim até que com a necessidade de alguns consertos no telhado o pessoal que compõe a Associação Espirita de Juremeiros de Alhandra uniram-se e começaram os consertos.
3- Um dos descendentes da nossa saudosa Mãe Rita chegou e mandou parar pois iria ser demolido o terreiro e as firmezas e assentamentos dos mestres dela seria jogados ao rio. Enfim embarbaram a restauração do terreiro, um casa centenária , referencia de jurema na cidade, casa essa que abrigou e ajudou muitos filhos de Alhandra, super conhecida no Brasil e em outros países, não pode ser demolida, seria até uma ato de crime cultural, pois faz parte da historia da cidade.
Venho por meio deste solicitar de Vossa Senhoria uma providencia que coíba esse ato de desumanidade e crime cultural, sabendo que a prefeitura de Alhandra pode pelo menos inicialmente impedir a demolição, enquanto estamos tomando medidas para um tombamento do referido.
Contando com sua compreensão e empenho coloco-me a sua disposição e desde já agradeço.
ASSINEM E ENVIEM”
João Pessoa, 30 de junho de 2013.
Laura Taddei Alves Pereira Pinto Berquó
Presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial e da Diversidade Religiosa da OAB/PB"
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