sábado, 4 de julho de 2015

MATAR = MORREU????

Dr. Valério Bronzeado,

Eu discordo, primeiro porque não cabe à nós decidir quem deve viver ou morrer e segundo porque é medida que só atenderá aos interesses de alguns grupos. Assim o sr legitima a atuação dos grupos de extermínio. Eu já vi vários casos de pessoas com poder aquisitivo que inclusive ameaça de morte o próprio sangue, para que os mesmos não tenham direito ao reconhecimento filial e divisão da herança, só para citar um exemplo e que tem esses mesmos parentes hoje numa situação deplorável morando na Comunidade São José onde é cercado de todo tipo de violência produto da nossa sociedade, mas como os que ameaçam têm poder nunca seriam punidos com a pena capital. Mais uma vez eu digo que a questão da defesa da pena de morte na verdade é uma bandeira de pessoas que pregam inclusive a divisão social. Será que os crimes praticados durante a escravidão nesse país prescreveram? As fortunas rurais que se formaram às custas de trabalho escravo, matando, estuprando e torturando corpos negros e mestiços são legítimas? Uma parte da nossa dificuldade hoje em aceitar a violência própria de um país de desigualdades e abismos sociais é porque trazemos ainda aquele ranço escravocrata e de pseudo-fidalguia. Eu pergunto, na prática por exemplo, qual a vantagem da redução da maioridade? Se eu tenho dezoito anos e cometo crime de roubo qualificado por exemplo, se sou ré primária, no máximo pegarei 04 anos e alguns meses e cumprirei em regime aberto. Se eu fosse menor ainda passava uma temporada no CEA. Com a redução da maioridade os menores de hoje responderão pelo CPB e cumprirão pena de acordo com a LEP que é muito melhor em vários aspectos para aqueles que cometeram crimes. Logo, é uma falácia na prática a redução da maioridade para quem acha que um menor ficará preso por muito tempo. Eu matei aos dezesseis, me comportei corretamente no presídio, de repente antes dos 22 já estarei solta. Quais as vantagens verificadas pela Bancada da Bala? Não enxergo. Mas a cegueira em se fazer essa justiça manca do matar = morreu não pesa isso, apenas tenta responder ao anseio de uma sociedade que apenas enxerga "os seus direitos".

Laura Berquó

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